Campinas, Domingo, 21 de março de 1999

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VIOLÊNCIA
Aumento de crimes faz pessoas entre 20 e 30 anos comprarem revólver; polícia critica e aponta ineficácia
Jovem usa arma contra criminalidade

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

Jovens de 20 a 30 anos estão saindo armados de casa com medo da crescente violência em Campinas.
A mudança no comportamento se deve, principalmente, ao aumento de 46% nos últimos quatro anos nos índices de crimes registrados pela polícia na cidade.
A medida, adotada por pessoas de classe média e média alta, é preventiva. Cinco jovens ouvidos pela Folha disseram que deixam as armas em casa ou as levam a festas (leia texto nesta página).
Em Campinas, uma pessoa em cada grupo de 1.828 habitantes é presa por porte ilegal de armas, segundo o levantamento obtido pela Folha. A prisão por porte ilegal de armas cresceu 88,52% nos últimos quatro anos na cidade.
Há quatro anos, uma em cada 3.317 pessoas era presa por porte ilegal de armas.
Com base no aumento da violência, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Campinas vai retomar a campanha de desarmamento realizada em 1996 junto do Ministério Público e do Tribunal de Alçada Criminal.
A maioria dos jovens que anda armada não possui porte.
O bancário C.A.R., 24, tem uma pistola semi-automática e não tem autorização para utilizá-la. Segundo ele, a arma foi comprada por R$ 500,00 para se defender da violência (leia texto ao lado).
A Polícia Civil do Estado registrou um aumento de 84% na apreensão de armas entre 97 e 98.
Um outro grupo de jovens passou a usar armas para evitar confusões em seus estabelecimentos comerciais, como bares movimentados na cidade.

Contrário
O delegado-seccional de Campinas, Josué Ferreira Ribeiro, defende a destruição completa das armas apreendidas. Segundo ele, o porte de arma não deve ser concedido. "Não entendo porque as pessoas querem andar armadas. Só a polícia deveria ter armas", disse Ribeiro.
A polícia de Campinas recebe, em média, pelo menos 20 pedidos de autorização de porte de armas por mês, mas nem todos são concedidos.
A atual legislação, segundo a polícia, torna mais rígida a pena por porte ilegal de armas e aumenta as dificuldades para manter uma arma legalmente.
Para a lei, o porte ilegal de armas varia de contravenção a crime, com penas de dois anos de detenção. A apreensão de armas de uso exclusivo do Exército ou de armas de alto calibre prevêem pena de até quatro anos de prisão.
Um levantamento feito pela OAB e pelo Tribunal de Alçada Criminal aponta que 15 em cada 16 pessoas que andam armadas e que reagem a assaltos são feridas a bala ou morrem.



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