Campinas, Sexta, 23 de julho de 1999

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SOB SUSPEITA
Corregedoria do órgão aciona Ministério Público e pede prisão de ex-gerente de Campinas
Fraudes desviam R$ 1,6 mi do INSS

ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas

A inspetoria e a auditoria Geral do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de São Paulo encontraram provas de fraudes que provocaram um prejuízo total de R$ 1.632.943,85 aos cofres públicos na regional de Campinas.
A corregedoria do INSS entrou ontem com uma notícia-crime no Ministério Público Federal pedindo a prisão preventiva da ex-gerente da agência de Campinas Alzira Lourenzi Luciano, que administrou o órgão em Campinas de 1992 a 98.
Alzira é acusada de fraudar 86 benefícios pagos por meio do PAB (Pagamento Alternativo de Benefício). Ela também falsificava procurações em nome dos segurados que autorizavam o seu marido, Maurício Ferreira Luciano, a receber os benefícios no lugar dos aposentados, que não sabiam dos pagamentos.
De fevereiro de 97 a novembro de 98, Ferreira recebeu, sozinho, segundo a inspetoria do INSS, R$ 1.465.568,46 por meio do PAB em agências do Banco do Brasil de Campinas. O banco alertou o INSS sobre a suspeita de fraude.
No esquema, Alzira e o marido fraudaram documentos e alteraram endereços para poder receber o dinheiro de ressarcimento de aposentadorias.
A corregedoria também protocolou ontem no Fórum uma ação cautelar para garantir o ressarcimento dos valores pagos indevidamente. "Estamos investigando ainda outros 15 benefícios que também podem ter sido fraudados por eles. O Maurício retirava de uma só vez valores altos de até R$ 20 mil", disse o auditor-geral e inspetor do INSS, Paulo César Nascimento Costa.
Segundo ele, Alzira e seu marido terão que devolver o dinheiro de uma só vez e poderão ter seus bens indisponibilizados.
A procuradora da República Luciana Guarnieri confirmou ontem o recebimento da notícia-crime.
Segundo ela, o processo ainda tem que ser distribuído para um dos quatro procuradores do Ministério Público Federal.
Além do rombo no PAB, Costa também citou outras 33 fraudes que foram cometidas em 97 pelo ex-funcionário do posto de Campinas Rogério Rinaldi Fernandes.
As fraudes foram apuradas pela auditoria, órgão distinto da inspetoria. A senha do ex-funcionário foi liberada para que ele fizesse todo o processo de concessão de benefícios. Neste caso, não foi comprovada a participação da ex-gerente.
Fernandes falsificava o tempo de serviço e o valor da contribuição para que os segurados recebessem aposentadorias maiores.
A fraude causou um prejuízo aos cofre públicos de R$ 167.375,39 e a Polícia Federal está investigando se ele recebia propina dos segurados.
Alzira, seu marido e Rogério Fernandes não foram encontrados ontem pela Folha.
Em entrevista anterior, Alzira negou envolvimento em fraudes no INSS.



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