Campinas, Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2000


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ADMINISTRAÇÃO
Câmara Municipal de Campinas constata que servidores fazem serviços pagos a particulares
CEI aponta suspeita em contratos de R$ 58 mi de Chico com empreiteiras

Frâncio de Hollanda/ Folha Imagem
Família busca restos em lixo que não foi recolhido no Cambuí


SORAYA AGÉGE
Editora da Folha Campinas

O relatório final da CEI (Comissão Especial de Inquérito) do funcionalismo, que será votado logo após o recesso parlamentar, no próximo mês, vai apontar supostas irregularidades em contratos com empreiteiras, que consumiram cerca de R$ 58 milhões dos cofres municipais em 99.
Os contratos envolvem a merenda escolar (R$ 24 milhões), a segurança particular de prédios municipais (R$ 10 milhões) e o serviço de limpeza urbana (R$ 24 milhões).
Em todos eles, a prefeitura estaria usando funcionários municipais para fazer parte dos serviços que paga às empreiteiras, segundo a Folha apurou.
Os vereadores conseguiram reunir novos documentos e avaliações sobre os contratos para esses três tipos de serviços.
O caso da merenda, que foi terceirizada em 96, teve novas denúncias, além das que foram constatadas pela própria prefeitura em duas auditorias (leia texto nesta página).
De acordo com o pré-relatório da CEI, as empresas estão usando, para fazer a merenda, pelo menos 500 funcionários municipais, que custam R$ 500 por mês cada um, e reembolsando a prefeitura em apenas R$ 283 por funcionário.
Além do prejuízo, a prefeitura não poderia aceitar o uso de funcionários municipais por particulares sem autorização legislativa, segundo a CEI.
O preço da merenda também está superfaturado em 40%, de acordo com a comissão.
O contrato para a segurança particular nos prédios municipais é outro objeto de suspeita.
A CEI constatou que a prefeitura tem um custo duplo para oferecer o mesmo serviço, já que a Guarda Municipal consome R$ 6 milhões por ano para vigiar os prédio públicos, cuja segurança privada custa R$ 10 milhões anuais.
Quanto ao contrato para a limpeza urbana, que acaba de ser alterado em esquema de emergência, a CEI constatou que a prefeitura não fiscaliza a prestação do serviço e também pode estar pagando por trabalhos que acabam sendo feitos por servidores.
O número de funcionários envolvidos nos dois contratos não foi levantado.
Segundo o presidente da CEI do funcionalismo, vereador Carlos Signorelli (PT), a Prefeitura de Campinas paga pela limpeza de praças públicas e fica sem pelo menos parte do serviço.
Os vereadores foram ao Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), à Pedreira do Chapadão e ao Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim e constaram que a limpeza não é feita pelas empresas contratadas.

Funcionalismo
Além da falta de fiscalização das empreiteiras, a comissão também vai acusar o prefeito Francisco Amaral (PPB) de infração política e administrativa, por não ter publicado portarias com a nomeação de cerca de 400 assessores em 97.
Essa acusação poderá resultar em um novo pedido Comissão Processante, que visa a cassação do prefeito, de acordo com o presidente da CEI.
O prefeito não atendeu os pedidos de entrevista da Folha.
O secretário das Finanças, Álvaro César Iglesias, respondeu pontualmente todas as acusações da CEI e apontou as medidas que estão sendo tomadas em cada caso.



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