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Campinas, Sábado, 24 de Junho de 2000
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INFÂNCIA Após seis meses de funcionamento, 67 internos fugiram da unidade, que foi considerada modelo, em Campinas Fugitivos superam internos na Febem
LÍGIA MORELI FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS A unidade da Febem de Campinas (antiga Unipai), inaugurada neste ano, já conta com um número de fugitivos maior do que o de internos. Em seis meses de funcionamento, 67 adolescentes fugiram e somente três voltaram para a unidade. Uma média de 11 fugitivos por mês. Hoje, a unidade abriga 40 adolescentes. A última fuga ocorreu anteontem por volta das 21h. Treze adolescentes fugiram após render os coordenadores. A unidade, que já foi considerada modelo pelo governo do Estado, tem capacidade para 72 adolescentes e tem 42 funcionários trabalhando. Desde a sua fundação, em 12 de janeiro deste ano, ocorreram 14 fugas. Nos últimos dois meses, 30 adolescentes escaparam. O secretário de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Edsom Ortega, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai se reunir com a diretoria de segurança da Febem para discutir o problema da unidade. Análise De acordo com a assessoria, o secretário pretende analisar relatórios e ouvir os funcionários da unidade de Campinas para decidir que medidas podem ser tomadas para evitar novas fugas. Três dos adolescentes que fugiram anteontem estavam armados com facas e renderam os coordenadores Luís Henrique de Faria, Alessandro Garcia Leite e Márcio Aurélio Selymes. Enquanto os internos armados mantinham os monitores como reféns, os outros retiraram uma das telas de proteção, escalaram e pularam o muro da unidade. Segundo a secretaria, três adolescentes foram recapturados ontem em Valinhos. Esta não foi a primeira vez que adolescentes conseguiram render funcionários durante uma fuga utilizando armas. No dia 23 de maio passado, dois adolescentes fugiram após atirar contra os monitores. Ninguém ficou ferido. Na fuga de anteontem, também não houve registro de feridos. Segundo a polícia, uma pessoa que estava do lado de fora da unidade jogou um pacote contendo um alicate e uma arma que foram utilizados pelos adolescentes durante a fuga. Em uma outra ocorrência registrada em maio, oito adolescentes conseguiram fugir agredindo os coordenadores com pedaços de madeira, pedras e estiletes. No início do projeto, a Febem de Campinas seguiu o mesmo modelo de atendimento terceirizado que fracassou na unidade de São José do Rio Preto, que foi a primeira a adotar o novo sistema no Estado. A unidade de Rio Preto foi inaugurada em setembro de 99 e fechada um mês depois, após uma fuga e princípio de rebelião. Até março, a unidade de Campinas era administrada pela Abba (Associação Batista Beneficente Assistencial), mas a direção da Febem interveio alegando que a entidade não tinha prática para lidar com os adolescentes infratores. Próximo Texto: Promotores investigam agressões Índice |
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