Campinas, Sábado, 24 de Junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-diretor cita valorização de interno

FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Para o ex-diretor da Unipai João Batista Martins de Sá Júnior, só um projeto pedagógico que valorize o adolescente e a família pode evitar as fugas.
"Podem aumentar o número de seguranças e dobrar a altura do muro que não adianta. É preciso dar atenção ao adolescente e à sua família", disse.
Martins ficou à frente da Unipai por 60 dias, até a intervenção da direção da Febem.
Segundo ele, a direção da Febem foi "corporativista" e não deixou que ele levasse o projeto pedagógico adiante.
"Eu comecei a ser perseguido porque acharam que eu estava passando a mão na cabeça dos adolescentes", disse.
Segundo Martins, ele tentou implantar um sistema de visitas duas vezes por semana. Como diretor, ele chegou a propôs a saída de um adolescente uma vez por semana para ver a família.
De acordo com o ex-diretor, essa política estava dando bons resultados junto aos adolescentes.
Ele afirmou que as fugas começaram a ocorrer depois que a direção da Febem começou a interferir no projeto.
Segundo ele, a direção descumpriu um acordo, que chegou a ser assinado em ata, de transferir somente adolescentes de Campinas para a unidade. O acordo previa, ainda, que as transferências fossem feitas gradativamente.
"De repente, começaram a chegar adolescentes de várias outras cidades e todos de uma só vez. Nós nem sabíamos quem eram os adolescentes que estavam sendo transferidos", disse.
Segundo o ex-diretor, o prédio da unidade de Campinas nunca pôde ser considerado modelo porque não possui estrutura adequada para conter as fugas.
Ele afirmou ter enviado relatórios para a Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social afirmando que o prédio era frágil para conter os adolescentes.
Ele também afirmou que, na época em que dirigia a unidade, havia apenas quatro monitores para tomar conta de 40 adolescentes.
"A Febem é uma instituição falida que não tem nada a oferecer. Essa instituição teria que ser implodida e substituída por um trabalho de base", disse.


Texto Anterior: Promotores investigam agressões
Próximo Texto: Estiagem: Sumaré pode impor racionamento de água
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.