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Ex-diretor cita valorização de interno
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Para o ex-diretor da Unipai
João Batista Martins de Sá Júnior,
só um projeto pedagógico que valorize o adolescente e a família pode evitar as fugas.
"Podem aumentar o número de
seguranças e dobrar a altura do
muro que não adianta. É preciso
dar atenção ao adolescente e à sua
família", disse.
Martins ficou à frente da Unipai
por 60 dias, até a intervenção da
direção da Febem.
Segundo ele, a direção da Febem foi "corporativista" e não
deixou que ele levasse o projeto
pedagógico adiante.
"Eu comecei a ser perseguido
porque acharam que eu estava
passando a mão na cabeça dos
adolescentes", disse.
Segundo Martins, ele tentou implantar um sistema de visitas duas
vezes por semana. Como diretor,
ele chegou a propôs a saída de um
adolescente uma vez por semana
para ver a família.
De acordo com o ex-diretor, essa política estava dando bons resultados junto aos adolescentes.
Ele afirmou que as fugas começaram a ocorrer depois que a direção da Febem começou a interferir no projeto.
Segundo ele, a direção descumpriu um acordo, que chegou a ser
assinado em ata, de transferir somente adolescentes de Campinas
para a unidade. O acordo previa,
ainda, que as transferências fossem feitas gradativamente.
"De repente, começaram a chegar adolescentes de várias outras
cidades e todos de uma só vez.
Nós nem sabíamos quem eram os
adolescentes que estavam sendo
transferidos", disse.
Segundo o ex-diretor, o prédio
da unidade de Campinas nunca
pôde ser considerado modelo
porque não possui estrutura adequada para conter as fugas.
Ele afirmou ter enviado relatórios para a Secretaria de Estado da
Assistência e Desenvolvimento
Social afirmando que o prédio era
frágil para conter os adolescentes.
Ele também afirmou que, na
época em que dirigia a unidade,
havia apenas quatro monitores
para tomar conta de 40 adolescentes.
"A Febem é uma instituição falida que não tem nada a oferecer.
Essa instituição teria que ser implodida e substituída por um trabalho de base", disse.
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