Campinas, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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CRISE NA ADMINISTRAÇÃO
Prefeito negocia votos na base governista e junto a vereadores do PPS
Chico promete cargos e obras a vereadores para evitar cassação

Veronica Campos/Folha Imagem
Servidores municipais comemoram o fim da greve na categoria, que durou 54 dias, ontem à tarde, no Paço Municipal de Campinas


GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas

O prefeito de Campinas, Francisco Amaral (PPB), prometeu ontem cargos e obras aos vereadores Paulo Oya e Aurélio José Cláudio, ambos do PPS, caso eles votem contrariamente à sua cassação. Prometeu ainda obras à base governista, caso mantenham o apoio.
Chico garantiu a cada um dos vereadores do PPS a indicação de um diretor para uma AR (Administração Regional) e de um número de funcionários comissionados, caso votem contra o seu impeachment.
As promessas para os vereadores foram feitas em uma reunião pela manhã, na qual participaram, além deles, Sebastião dos Santos (PFL), Roberto Mingone (PFL), Pedro Serafim (PSDB), Antonio Rafful (PPB) e Luis Yabiku (PFL).
Os cinco, juntamente com Romeu Santini (PSDB) e José Carlos Vinci (PSDB), fazem parte da base de apoio do prefeito, com sete vereadores.
O número é insuficiente para que o prefeito evite sua cassação. No entanto, com os votos de Oya e Cláudio, o prefeito conseguiria evitar a cassação.
Durante a reunião, Chico condicionou os cargos e as obras aos dois vereadores caso ele tenha os nove ou mais votos. A votação será secreta e como será impossível saber quem votou contra ou a favor do prefeito, o prefeito vai considerar a totalização dos votos.
A proposta do prefeito ocorreu no mesmo dia em que terminou a maior greve dos servidores municipais, que durou 54 dias.
Oya e Cláudio vêm sofrendo ameaças dos integrantes da Executiva do PPS, que fazem oposição ao prefeito, como o vereador Aparecido Donizeti Donaire, líder da bancada.
Sebastião dos Santos, vice-líder do governo, confirmou a promessa feita pelo prefeito aos vereadores. "O governo assume a responsabilidade desse acordo político."
Cláudio afirmou que ainda não decidiu qual será a sua posição durante a votação do pedido de cassação do prefeito.
"Ele (Chico) afirmou que vai dar prioridade para as obras desde que beneficiem a comunidade. Eu não estou muito interessado em cargos, mesmo porque as ARs estão enfrentando muitas dificuldades e eu tenho um bom trânsito em todas da cidade", disse o vereador.
Oya afirmou que vai ajudar o prefeito independente de partido, sem comprometê-lo. "Eu ainda não decidi sobre o pedido de cassação. Se eu achar que as denúncias forem comprovadas votarei pelo impeachment", afirmou o vereador.
O vereador confirmou, no entanto, que indicou Jeckson Hideki Toma para o comando da AR-14, no bairro do Bananal, mas que ainda não obteve resposta do prefeito.
O vereador Sérgio Benassi (PC do B), presidente da CP que investiga as denúncias de irregularidades afirmou que, se Chico realmente prometeu cargos e obras aos vereadores, terá que enviar outra proposta orçamentária à Câmara.
"Ou os vereadores são burros, ou é ma-fé. Eu não acredito que a Câmara cometa um suicídio como esse", afirmou.


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