Campinas, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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SOB SUSPEITA
Denúncias incluem cobranças indevidas de internações; prefeito diz desconhecer irregularidades
Polícia Federal de Campinas investiga 'máfia' em rede de saúde de Jundiaí

ELI FERNANDES
free-lance para a Folha Campinas

A Polícia Federal de Campinas está investigando a existência de uma "máfia" na rede pública de saúde de Jundiaí (36 km de Campinas). O pedido foi feito pelo MCC (Movimento Contra a Corrupção) da cidade.
Uma auditoria do Ministério da Saúde identificou uma série de irregularidades no atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde). Entre elas estão cobranças indevidas de internações.
O relatório da auditoria está sendo usado pelo MCC como base para as investigações pedidas à Polícia Federal.
Em alguns casos foram detectadas cobranças ilegais de R$ 14.275,27 por atendimento.
O ministério aguarda envio, em no máximo 30 dias, de um relatório de defesa das unidades de saúde da cidade.
A condução do caso vem sendo mantida em sigilo pela polícia.
O delegado da PF em Campinas, Admir Tozo, não foi localizado ontem pela Folha para comentar as investigações.
A abertura do inquérito na PF foi pedida na última sexta-feira.
O MCC é uma organização não-governamental criada por profissionais de vários setores da cidade para denunciar supostos casos de corrupção em Jundiaí.
A assessoria de imprensa do ministro José Serra informou que caso as irregularidades não sejam explicadas e sanadas, o ministério pode determinar o descredenciamento do SUS e o pagamento de multas pelas irregularidades.
Os procedimentos irregulares foram encontrados pela auditoria no Hospital e Maternidade de Jundiaí e no Hospital São Vicente de Paula. No último foi constatado, por exemplo, o pagamento sem contrato a uma empresa por prestação de serviços.
A auditoria detectou ainda irregularidades em pelo menos 45% das guias para internação no São Vicente de Paula e 52% das guias no Hospital e Maternidade.
O coordenador-geral do MCC, engenheiro Gilberto Valverde, acusa o prefeito Miguel Haddad (PSDB) de ter tentado "abafar" o caso alterando a composição do Comus (Conselho Municipal da Saúde).
O órgão deliberativo é responsável pela fiscalização na rede de saúde da administração municipal. Há cerca de 15 dias vem sendo presidido pelo secretário municipal da Saúde, Julio César de Oliveira.
"O prefeito pensa que não existe ninguém vendo o que ele está fazendo na cidade, mas essa situação não vai ficar assim", disse Valverde.
Haddad informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem conhecimento das denúncias e que recebeu o relatório da auditoria.
A ocorrência das irregularidades foi confirmada pelo ex-secretário Rubens Alcino Dutra Alves (Saúde), que disse ter saído da administração municipal por não ter conseguido conduzir as mudanças desejadas.
Alves ocupou o cargo até março de 1998 e, segundo ele, depois de ter criado procedimentos administrativos na secretaria.
"Saí porque não consegui mudar. O que existia de errado lá já vinha sendo feito há muito tempo e não sei como está hoje", afirmou o ex-secretário.


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