Campinas, Domingo, 25 de Junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha

Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2000
Petterson Prado, Roberto Mingone, Jacó Bittar e Álvaro César Iglesias passam por algum tipo investigação
Investigação afeta candidatos a prefeito

Ricardo Lima/Folha Imagem
O deputado estadual Petterson Prado (PPS)


RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS

Quatro dos oito postulantes ao cargo de prefeito de Campinas nas eleições de outubro próximo passam ou já passaram por algum tipo de investigação instaurada pelo Ministério Público, Justiça e CPI do Narcotráfico.
Para Petterson Prado (PPS), Jacó Bittar (PSB) e Roberto Mingone (PFL), não há provas contra eles e as denúncias não deverão afetar as suas campanhas. Álvaro César Iglesias (PPB) não foi localizado pela Folha (leia na pág. C2).
O caso mais recente envolveu o deputado estadual Petterson Prado (PPS). Ele é investigado pelo Ministério Público Estadual por suposta retenção de parte dos salários de assessores.
As denúncias contra Prado foram apresentadas no início deste mês pelo ex-motorista do deputado Wagner Lopes de Oliveira e a ex-assessora Fabiana Carnielli.
Oliveira denunciou que recebia R$ 1.725 e tinha que repassar entre R$ 980 e R$ 1.000 mensais ao deputado. Fabiana afirmou que foi demitida quando ameaçou deixar de repassar o dinheiro.
A apropriação indébita de dinheiro cometida por funcionário público, no exercício da função, é crime de peculato. A pena é de reclusão de 2 anos a 12 anos, além de pagamento de multa.
O ex-secretário das Finanças de Campinas e candidato pelo PPB, Álvaro César Iglesias, foi investigado por uma CPI da Câmara que apontou 11 irregularidades no setor. A CPI constatou que houve falhas nos contratos de terceirização da merenda escolar, coleta de lixo e vigilância e irregularidades quanto ao serviço de previdência dos servidores e pagamento de altos salários ao funcionalismo.
O relatório da CPI apontou como desnecessária a contratação de duas empresas para serviços de vigilância particular.
Segundo a CPI, a prefeitura gastou R$ 10 milhões com as duas empresas, mesmo com a existência da Guarda Municipal, que presta o mesmo serviço.
O relatório final deverá ser encaminhado ao Ministério Público após ser votado na Câmara. A votação está marcada para a próxima quarta-feira.
No ano passado, o candidato do PFL à Prefeitura de Campinas, Roberto Mingone, foi convocado para depor na CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados. A comissão investigava se o vereador havia recebido dinheiro do crime organizado para suas campanhas a vereador, em 96, e deputado federal, em 98.
Uma das principais suspeitas levantadas pela CPI era o recebimento de uma contribuição de R$ 10 mil feita pelo corretor de imóveis Paulo Roberto Deneno, suspeito de envolvimento com o crime organizado.
Deneno confirmou ter contribuído com a campanha e disse que trabalhou para o vereador.
Mingone acabou sendo dispensado pela CPI e, até a última sexta-feira, não havia sido oferecida denúncia contra ele.
O sub-relator da CPI, deputado federal Pompeu de Mattos (PDT-RS), disse que o nome de Mingone provavelmente deverá aparecer no relatório final da comissão, que deverá ser entregue ainda nesta semana.
O ex-prefeito Jacó Bittar (PSB), que administrou a cidade de 89 a 92, também é investigado pela Justiça. Em 1998, a Polícia Federal de Campinas investigou supostas irregularidades em sua prestação de contas.
Além disso, duas ações públicas em andamento apuram a construção do aterro sanitário Delta 1 sem licitação e o suposto superfaturamento na construção da obra de saneamento do ribeirão Anhumas, em Campinas.
Bittar teve ainda os seus bens indisponíveis cautelarmente em setembro de 97, durante o processo que investigava a contratação sem licitação da CPEM (Consultoria para Empresas e Municípios) em Campinas.
Os bens só foram desbloqueados em outubro do ano passado por determinação do juiz da 6ª Vara Cível de Campinas, Gilberto Luiz Carvalho Francischini.
O deputado estadual Carlos Sampaio, candidato do PSDB, foi citado na CPI do Narcotráfico por ter recebido R$ 10 mil do empresário Alexandre Negrão para a sua campanha. Negrão foi investigado por lavagem de dinheiro pela CPI, que ainda não ofereceu oficialmente denúncia contra ele.
Para o advogado Roberto Telles Sampaio, o momento "é de efervescência de denúncias".
Os outros candidatos à prefeitura são Antônio da Costa Santos (PT), Hélio de Oliveira (PDT) e Luiz Carlos Rossini (PMDB).


Próximo Texto: Eleições 2000 2: Candidato não vê prejuízo em apuração
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.