Campinas, Quarta, 25 de novembro de 1998

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TRANSPORTES
Motoristas e cobradores reivindicam salários atrasados e decidem manter a paralisação hoje na cidade
350 mil ficam sem ônibus em Campinas

Frâncio de Hollanda/Folha Imagem
Passageiros aguardam em ponto de ônibus, em meio a policiais e motoristas, às 7h de ontem durante greve de motoristas


LUCIANO CALAFIORI
free-lance para a Folha

Cerca de 350 mil pessoas ficaram sem ônibus em Campinas ontem durante todo o dia em virtude da greve deflagrada por motoristas e cobradores. A greve vai ser mantida por tempo indeterminado.
A paralisação aconteceu devido ao atraso no pagamento do adiantamento de salário, que deveria ter ocorrido no dia 20 passado.
A greve atingiu 90% da categoria, que tem 4.500 trabalhadores na cidade, segundo a Transurc (Associação das Empresas do Transporte Coletivo de Campinas).
O Sindicato dos Condutores Rodoviários de Campinas e Região fez uma proposta aos empresários do setor para pagar a primeira parcela do 13º salário no dia 27 e transferir o adiantamento para o próximo dia 5.
Os proprietários das empresas de ônibus não aceitaram a proposta e afirmaram que, com a greve, o pagamento deve ficar comprometido para o próximo dia 27.
A Transurc calcula que as empresas tiveram um prejuízo de R$ 350 mil com a greve de ontem.
Os sindicalistas, que ameaçaram impedir o trabalho dos perueiros, recuaram da decisão de atrapalhar a atividade alternativa na cidade.
Pela manhã, o sindicato da categoria propôs levar todos os ônibus para a prefeitura e bloquear o trânsito e a passagem de peruas, mas os motoristas não aceitaram.
Segundo o presidente do sindicato, Mário de Oliveira Santana, o "Sarney", os condutores em greve ficaram com medo do confronto com os perueiros. De acordo com o sindicalista, eles temiam também ser multados pela Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), caso estacionassem em local inadequado.
"Apenas 10% dos condutores vieram para as garagens hoje (ontem). Tinha ônibus negreiro (que leva os motoristas às garagens) chegando vazio", disse Sarney.
Apesar do êxito da greve, sindicalistas se disseram surpresos com a baixa adesão. "Nós fizemos a nossa parte, mas isso prova que a categoria também está revoltada com o atraso do pagamento dos salários", afirmou o vice-presidente do sindicato, Antônio Valério da Silva.
Motoristas que ontem permaneceram nas portas das empresas prometeram levar hoje os ônibus para a frente do Paço Municipal e realizar uma nova manifestação.
"Amanhã (hoje) vai parar tudo", disse um condutor em greve ontem.
Segundo a assessoria de imprensa da Emdec, entre as 7h e as 9h de ontem foram registrados 8,7 quilômetros de lentidão no trânsito das principais avenidas de Campinas.
Perueiros e veículos particulares invadiram os corredores exclusivos dos ônibus.



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