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VIOLÊNCIA
Ele diz que atirou para cima e, após ricochetear, a bala acertou preso no pátio; adolescente é queimado na cela
Delegado mata preso durante rebelião
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
Uma rebelião ontem pela manhã na cela provisória de adolescentes na Cadeia de São Pedro
deixou um preso morto com um
tiro na cabeça e outro ferido em
estado grave com queimaduras
em cerca de 60% do corpo.
O preso Sinésio Luiz da Silva,
23, que aguardava julgamento
por violação de domicílio, foi
morto pelo delegado interino da
cadeia Ruy Luiz Ramires.
O adolescente F.S.A., 15, foi
queimado por outros seis companheiros de cela. Ele está internado
em estado grave.
O delegado Ramirez disse que
atirou para cima para tentar conter a rebelião. O tiro, segundo ele,
resvalou no teto e atingiu o preso
que tomava sol no pátio.
""Foi uma fatalidade. A bala ricocheteou no teto e passou pela
janela. Tentei acabar com o tumulto na cela disparando o tiro
para cima", disse o delegado.
O tumulto começou por volta
das 10h30, quando seis adolescentes da cela 1, que abriga provisoriamente presos menores de 18
anos, colocaram fogo em um dos
colchões e empurraram F.S.A. nas
chamas.
Os adolescentes que tentaram
matar F.S.A. alegaram que ele estaria delatando companheiros de
cela para policiais.
Um carcereiro da cadeia entrou
na cela para socorrer o adolescente, mas foi agredido pelos outros
presos.
O delegado interveio e deu um
disparo para o alto.
O preso morreu na hora. A Delegacia Seccional de Piracicaba
instaurou ontem inquérito para
apurar a responsabilidade do delegado na morte do preso.
A cadeia tem seis celas, sendo
que em uma delas adolescentes
infratores aguardam pelas decisões da Justiça.
Na cela onde ocorreu a rebelião,
sete adolescentes ocupavam o espaço previsto para abrigar quatro
pessoas.
As outras cinco celas abrigam
presos comuns. No total, a cadeia
tem capacidade para abrigar 24
presos, mas estava com 33.
Sindicância
O advogado do preso que foi
morto, Guido Pelegrinotti Júnior,
disse ontem que vai aguardar a
sindicância da Polícia Civil e conversar com a família de Silva antes
de entrar na Justiça.
""Um laudo da perícia técnica
constatou que o tiro de advertência realmente bateu no teto e ricocheteou para fora da cela", disse o
advogado.
Sinésio Luiz da Silva estava detido havia dez dias na cadeia e já
possuía antecedentes criminais
por outros crimes, como roubo e
furto.
O adolescente que teve o corpo
queimado foi internado na Santa
Casa da cidade.
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