Campinas, Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2000


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VIOLÊNCIA
Ele diz que atirou para cima e, após ricochetear, a bala acertou preso no pátio; adolescente é queimado na cela
Delegado mata preso durante rebelião

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

Uma rebelião ontem pela manhã na cela provisória de adolescentes na Cadeia de São Pedro deixou um preso morto com um tiro na cabeça e outro ferido em estado grave com queimaduras em cerca de 60% do corpo.
O preso Sinésio Luiz da Silva, 23, que aguardava julgamento por violação de domicílio, foi morto pelo delegado interino da cadeia Ruy Luiz Ramires.
O adolescente F.S.A., 15, foi queimado por outros seis companheiros de cela. Ele está internado em estado grave.
O delegado Ramirez disse que atirou para cima para tentar conter a rebelião. O tiro, segundo ele, resvalou no teto e atingiu o preso que tomava sol no pátio.
""Foi uma fatalidade. A bala ricocheteou no teto e passou pela janela. Tentei acabar com o tumulto na cela disparando o tiro para cima", disse o delegado.
O tumulto começou por volta das 10h30, quando seis adolescentes da cela 1, que abriga provisoriamente presos menores de 18 anos, colocaram fogo em um dos colchões e empurraram F.S.A. nas chamas.
Os adolescentes que tentaram matar F.S.A. alegaram que ele estaria delatando companheiros de cela para policiais.
Um carcereiro da cadeia entrou na cela para socorrer o adolescente, mas foi agredido pelos outros presos.
O delegado interveio e deu um disparo para o alto.
O preso morreu na hora. A Delegacia Seccional de Piracicaba instaurou ontem inquérito para apurar a responsabilidade do delegado na morte do preso.
A cadeia tem seis celas, sendo que em uma delas adolescentes infratores aguardam pelas decisões da Justiça.
Na cela onde ocorreu a rebelião, sete adolescentes ocupavam o espaço previsto para abrigar quatro pessoas.
As outras cinco celas abrigam presos comuns. No total, a cadeia tem capacidade para abrigar 24 presos, mas estava com 33.

Sindicância
O advogado do preso que foi morto, Guido Pelegrinotti Júnior, disse ontem que vai aguardar a sindicância da Polícia Civil e conversar com a família de Silva antes de entrar na Justiça.
""Um laudo da perícia técnica constatou que o tiro de advertência realmente bateu no teto e ricocheteou para fora da cela", disse o advogado.
Sinésio Luiz da Silva estava detido havia dez dias na cadeia e já possuía antecedentes criminais por outros crimes, como roubo e furto.
O adolescente que teve o corpo queimado foi internado na Santa Casa da cidade.


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