Campinas, Domingo, 27 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE MENTAL
Pesquisa para tese na Unicamp mostra que mais de 76% das internações são de pessoas do sexo feminino
Mulheres são maioria entre depressivos

free-lance para a Folha Campinas

A depressão e a neurose, que incluem a ansiedade e a síndrome do pânico, atingem mais as mulheres do que os homens em Campinas.
Os dados são da tese de mestrado da psiquiatra Ana Maria Galdini Raimundo Oda, apresentada semana passada na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ela atua no hospital psiquiátrico Cândido Ferreira, em Campinas. A pesquisa foi feita em 1995, quando foram atendidas 4.934 pessoas com algum tipo de distúrbio mental na rede pública de Campinas. As conclusões podem ser projetadas para este ano, segundo afirmou a psiquiatra.
Entre os casos de neurose detectados, 76,7% são do sexo feminino, ou 1.413 de um total de 1.842 casos registrados nesta categoria. Já entre os depressivos, a porcentagem feminina é de 77,2%, representando 454 dos 588 pacientes.
Apesar de o levantamento não ser contínuo, a médica assegura que a proporção está se mantendo nos dias de hoje, levando em consideração o crescimento da população.
Segundo ela, a neurose e a depressão são doenças consideradas "comuns" e geralmente atingem de forma leve a moderada o paciente. "Na maior parte dos casos não é preciso internação", disse Ana Maria.
O fato de atingir mais as mulheres pode ser explicado pela genética, hereditariedade e sensibilidade. "Mas os fatores sociais também influenciam", afirmou.
Segundo Ana Maria, foi verificado que as mulheres mais submissas e dependentes manifestaram depressão e neurose maiores que outras, independentes e com carreira promissora.
A tese teve como objetivo apresentar um diagnóstico do atendimento de saúde mental na rede pública de Campinas. A partir dessa conclusão, foi verificado que os distúrbios mentais mais frequentes -neurose e depressão- atingem mais mulheres do que homens. "Mas não nos preocupamos em verificar os motivos dessa diferença", afirmou.
Entre os distúrbios encontrados, em primeiro lugar está a neurose, seguido de depressão, esquizofrenia, transtornos do desenvolvimento, decorrências do álcool, epilepsia, retardo mental e transtornos mentais orgânicos.
Ana Maria explicou que os alcoolistas não foram representados significativamente. "Muitos não procuram atendimento na rede pública porque são tratados de outra maneira", acrescentou.
Na conclusão do trabalho, Ana Maria afirma que o mais importante está no fato de 92,5% dos pacientes serem atendidos na região onde moram. Ela disse ainda que Campinas tem um modelo em assistência mental, baseado na presença de profissionais dessa área em 51% das unidades básicas.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.