Campinas, Domingo, 28 de Janeiro de 2001

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CARTAS
História

"Causou-me estranheza a crítica publicada por Luís Eblak em relação ao livro do qual sou co-autor, "Dos Coronéis à Metrópole", de 21/01. Demonstrando estar interessado apenas em observar "curiosidades" e em levantar "problemas localizados", o mencionado jornalista condena o leitor a uma visão meramente superficial da referida obra.
O jornalista chamou de um erro "gravíssimo" cometido por mim quando afirmei que, presa e acusada de pertencer aos quadros das FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional), madre Maurina foi submetida a tortura e estupro.
Um dos maiores historiadores brasileiros, Jacob Gorender, em um clássico sobre a luta armada no Brasil, "Combate nas Trevas", afirma que a freira Maurina Borges foi "envolvida sem culpa e violentada dentro da cela".
O mesmo Gorender, entrevistado por Eblak em 1998 (caderno Mais!, 7/6/98, p. 5-5), justifica sua afirmação dizendo ter se baseado em depoimentos dos membros das FALN. Eblak parece ter se esquecido desse outro lado da história e, destilando um dogmatismo opinativo, quer fazer valer como insofismável apenas a sua opinião.
(Também) menciono no livro informação retirada do trabalho de Marcelo Botosso; todavia, o que diz respeito à questão do estupro está devidamente separado por um ponto e vírgula (p. 194), justamente para dar a idéia de que a referência bibliográfica (Botosso) corresponde ao que foi escrito a partir do sinal ortográfico. Não indico nenhuma referência bibliográfica em relação ao caso do estupro pelo fato de o caso ser objeto de inúmeras especulações do senso comum, não requerendo, por isso, maiores indicações."

Agnaldo de Sousa Barbosa é historiador

Resposta do jornalista Luís Eblak - A obra "Combate nas Trevas", de Jacob Gorender, não é citada por Barbosa como fonte da informação sobre o suposto estupro da madre Maurina. Para a reportagem do Mais!, entrevistei, além da madre, os principais líderes das FALN, da VPR (grupo que organizou o sequestro do cônsul japonês) e militantes que viajaram com Maurina ao México. Todos foram unânimes em dizer que não houve estupro.


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