Campinas, Sexta-feira, 29 de Junho de 2001

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ADMINISTRAÇÃO
Prorrogação de concessão considera faturamento mensal de R$ 80 mil; presidente diz que arrecada R$ 160 mil
Chico subestima faturamento da rodoviária

RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS

A Prefeitura de Campinas subestimou em pelo menos 100% o faturamento da rodoviária da cidade para prorrogar por mais 20 anos a concessão do serviço à Maternidade de Campinas.
O cálculo de retorno de capital para o investimento previsto de R$ 12 milhões na construção da nova rodoviária foi feito com base no faturamento mensal de R$ 80 mil. No entanto o presidente da maternidade, Carlos Alberto Politano, admitiu ontem que o local fatura cerca de R$ 160 mil mensais com a exploração dos serviços rodoviários.
"Esse valor [R$ 80 mil] é o mínimo necessário para continuarmos mantendo o serviço do SUS [Sistema Único de Saúde]", declarou ontem Politano.
De acordo com o balanço financeiro de 2000 da Maternidade de Campinas, a receita líquida da rodoviária no ano passado foi de R$ 1.851.917 -média de R$ 154,3 mil ao mês.
Em janeiro desse ano, a rodoviária faturou R$ 212 mil, segundo balanço da concessionária.
O questionamento foi feito ontem durante o depoimento de Politano à CEI (Comissão Especial de Inquérito) da Rodoviária.
O ex-secretário dos Transportes de Campinas José Antônio Trevisan confirmou ontem que o cálculo foi feito com base no faturamento de R$ 80 mil.
"A concessionária disse que esse era o valor mínimo para garantir os serviços de atendimento à população carente na maternidade", declarou o ex-secretário.
De acordo com estudos da Prefeitura de Campinas, o retorno do capital investido se daria após 22 anos e seis meses.
"O raciocínio de lucro a longo prazo é até arriscado. Será que ainda vai existir ônibus daqui a 30 anos?", disse Trevisan.
Ele também deverá ser ouvido pela CEI da Rodoviária.
O ex-secretário dos Negócios Jurídicos da administração Francisco Amaral (PPB) Geraldo Bassoli e o ex-chefe de gabinete Gustavo Marcondes acompanharam o depoimento de Politano.
Chico Amaral foi convocado a depor à CEI anteontem, mas não compareceu. O pepebista enviou um documento à Câmara alegando que precisa de mais tempo para "apreciação de documentos".
Um decreto de Chico Amaral, assinado em 30 de agosto do ano passado, prorrogou a concessão da rodoviária até 2030.
A construtora Teledutos é a gerenciadora do terminal, que está sob concessão da Maternidade de Campinas desde 1964.
"A rodoviária é péssima e eu vou lutar para que o contrato não seja válido", disse o membro da comissão Carlos Signorelli (PT).
A nova rodoviária deverá ser construída no Jardim Eulina. A previsão da Teledutos é iniciar as obras em setembro próximo.


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