Campinas, Sexta-feira, 30 de Março de 2001

Texto Anterior | Índice

MÚSICA REGIONAL
Sater dedilha viola e alma na região

CRISTINA CAROLA
DA REDAÇÃO, EM SÃO PAULO

Com 21 anos de carreira, dez discos gravados e sem previsão para um novo lançamento, o violeiro Almir Sater termina hoje, em Jaguariúna, a curta temporada na região. Ele atendeu a Folha, por telefone, em sua casa, em São Paulo.

Folha - Você abandonou a faculdade de direito por causa da viola?
Almir Sater - A faculdade foi mais um pretexto para poder ir para o Rio de Janeiro, sair de Campo Grande subsidiado, então, se fosse por música, eu acho que o subsídio ia ser bem menor.
Eu já tocava, inclusive o que me motivou a ir para o Rio é que eu queria conhecer outros músicos. Era um lugar em que eu poderia ter contato com a música mais fácil naquele momento.
Folha - Quem te motivou a tocar?
Sater - Foi quando estava começando a carreira, quem estava chegando pelo Rio, naquela época, era o Fagner, o Geraldo Azevedo, a Elba (Ramalho), o Alceu (Valença), foi aí que eu vi que tinha um espaço para uma música regional, de influência regional.
Folha - Como você veio a São Paulo?
Sater - Eu vim até São Paulo, tinha um primo que morava na cidade, meus amigos que tocavam aqui também, e eu senti que o som ia melhor.
Folha - O que marcou o começo da sua carreira?
Sater - O começo da minha carreira como músico foi em São Paulo, mas o começo dos meus estudos, da minha dedicação, da percepção que eu poderia ser um músico profissional foi no Rio.
Achava meio utópico obter um espaço dentro da música, tanta gente que eu conhecia, que já tocava há tanto tempo, e conseguir um espaço era difícil.
Folha - Você sempre gostou de música regional?
Sater - Eu sempre gostei do som da viola caipira, das baladas, gostei de muitos tipos de música. Eu sentia que na viola eu conseguia expressar melhor essa vontade do que em um violão clássico.
Folha - Qual a diferença da viola caipira para o violão clássico?
Sater - O violão clássico é um violão de seis cordas, qualquer um tem em casa. Uma viola caipira tem dez cordas e são muitas afinações e não se toca igual ao violão, é muito diferente.
Violeiro é um jeito de tocar viola, o fato de você tocar viola não quer dizer que você seja um violeiro. Viola é alma, é um sentimento.
Folha - Quem são seus violeiros preferidos?
Sater - Eu sempre escutei muito o Tião Carrero, que é um violeiro que tem um toque popular, da dupla Tião Carrero e Pardinho, um violeiro com swing fantástico, uma pegada. E um outro violeiro, muito técnico, chamado Renato Andrade. Os dois são mineiros, a escola mineira é muito virtuosa.
Folha - Como será o show em Campinas?
Sater - O show são minhas músicas, é o show que eu venho tocando por esse Brasil faz tempo, tem uns 20 anos. Vão mudando as músicas, mas o show mesmo são minhas canções. Não posso falar que é um show novo.
Tem músicas que eu vou cantar a vida inteira, que as pessoas me pedem, como "Trem do Pantanal", "Tocando em Frente", "Um Violeiro Toca" e "Chalana".
Folha - Por que você não grava CDs todos os anos?
Sater - Eu gravo o que eu acho que eu tenho condições de mostrar, para mim não é quantidade. O último trabalho saiu em 97, depois da novela O Rei do Gado, chamado "Caminhos me Levem".
É o último trabalho que eu fiz, com músicas inéditas. Eu tenho material para gravar desde o ano passado, mas como no ano passado eu fiz mais de cem shows, então eu não posso querer tudo ao mesmo tempo.
Fica difícil parar de fazer shows para entrar em estúdio e gravar, eu não tenho essa vontade agora. Como eu não tenho gravadora, não tenho nenhum contrato que me obrigue a gravar um disco.
Folha - Como foi, para a sua carreira, participar da novela Pantanal?
Sater - Para mim foi um divisor de águas. Antes eu tinha um público muito fiel, restrito ao meu trabalho de violeiro, então o Pantanal me deu isso, foi muito importante. Foi a primeira novela que eu fiz e naquela época ganhei o prêmio ator revelação pela TCA, o resultado foi bom, tanto é que eu fui convidado para ser o protagonista da próxima novela, que era Ana Raio e Zé Trovão.
Foi legal porque divulgou a minha imagem e minha música junto, me permite hoje fazer esses shows pelo Brasil inteiro sem ter gravadora, sem fazer nada.
Folha - No show, você só toca músicas suas?
Sater - Só minhas ou músicas que eu gravei porque é a hora que eu tenho para mostrar meu trabalho. A música que abre o show é "Um Violeiro Toca" e a música que termina o show não tem.
Folha - Você não pensa em voltar para a TV?
Sater - Eu acho que eu já fiz três trabalhos, três anos de novela, está bom. Pois tudo que eu queria da novela ela me deu, a condição de poder tocar mais, viajar, fazer shows, e está muito bom assim. Novela você ganha patrão.

O quê: Almir Sater e banda
Quando: Hoje, às 21h
Onde: Red Eventos (rodovia SP-340, km 130,5. Tel.: 0/xx/19/3867-5566)
Ingressos: R$ 25 (setor B), R$ 40 (setor vip/camarote) e R$ 30 (setor A)



Texto Anterior: Endereços e horários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.