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MÚSICA REGIONAL
Sater dedilha viola e alma na região
CRISTINA CAROLA
DA REDAÇÃO, EM SÃO PAULO
Com 21 anos de carreira, dez
discos gravados e sem previsão
para um novo lançamento, o violeiro Almir Sater termina hoje, em
Jaguariúna, a curta temporada na
região. Ele atendeu a Folha, por
telefone, em sua casa, em São
Paulo.
Folha - Você abandonou a faculdade de direito por causa da viola?
Almir Sater - A faculdade foi
mais um pretexto para poder ir
para o Rio de Janeiro, sair de
Campo Grande subsidiado, então, se fosse por música, eu acho
que o subsídio ia ser bem menor.
Eu já tocava, inclusive o que me
motivou a ir para o Rio é que eu
queria conhecer outros músicos.
Era um lugar em que eu poderia
ter contato com a música mais fácil naquele momento.
Folha - Quem te motivou a tocar?
Sater - Foi quando estava começando a carreira, quem estava
chegando pelo Rio, naquela época, era o Fagner, o Geraldo Azevedo, a Elba (Ramalho), o Alceu
(Valença), foi aí que eu vi que tinha um espaço para uma música
regional, de influência regional.
Folha - Como você veio a São Paulo?
Sater - Eu vim até São Paulo, tinha um primo que morava na cidade, meus amigos que tocavam
aqui também, e eu senti que o
som ia melhor.
Folha - O que marcou o começo da
sua carreira?
Sater - O começo da minha carreira como músico foi em São
Paulo, mas o começo dos meus
estudos, da minha dedicação, da
percepção que eu poderia ser um
músico profissional foi no Rio.
Achava meio utópico obter um
espaço dentro da música, tanta
gente que eu conhecia, que já tocava há tanto tempo, e conseguir
um espaço era difícil.
Folha - Você sempre gostou de
música regional?
Sater - Eu sempre gostei do som
da viola caipira, das baladas, gostei de muitos tipos de música. Eu
sentia que na viola eu conseguia
expressar melhor essa vontade do
que em um violão clássico.
Folha - Qual a diferença da viola
caipira para o violão clássico?
Sater - O violão clássico é um
violão de seis cordas, qualquer
um tem em casa. Uma viola caipira tem dez cordas e são muitas afinações e não se toca igual ao violão, é muito diferente.
Violeiro é um jeito de tocar viola, o fato de você tocar viola não
quer dizer que você seja um violeiro. Viola é alma, é um sentimento.
Folha - Quem são seus violeiros
preferidos?
Sater - Eu sempre escutei muito
o Tião Carrero, que é um violeiro
que tem um toque popular, da
dupla Tião Carrero e Pardinho,
um violeiro com swing fantástico,
uma pegada. E um outro violeiro,
muito técnico, chamado Renato
Andrade. Os dois são mineiros, a
escola mineira é muito virtuosa.
Folha - Como será o show em
Campinas?
Sater - O show são minhas músicas, é o show que eu venho tocando por esse Brasil faz tempo, tem
uns 20 anos. Vão mudando as
músicas, mas o show mesmo são
minhas canções. Não posso falar
que é um show novo.
Tem músicas que eu vou cantar
a vida inteira, que as pessoas me
pedem, como "Trem do Pantanal", "Tocando em Frente", "Um
Violeiro Toca" e "Chalana".
Folha - Por que você não grava
CDs todos os anos?
Sater - Eu gravo o que eu acho
que eu tenho condições de mostrar, para mim não é quantidade.
O último trabalho saiu em 97, depois da novela O Rei do Gado,
chamado "Caminhos me Levem".
É o último trabalho que eu fiz,
com músicas inéditas. Eu tenho
material para gravar desde o ano
passado, mas como no ano passado eu fiz mais de cem shows, então eu não posso querer tudo ao
mesmo tempo.
Fica difícil parar de fazer shows
para entrar em estúdio e gravar,
eu não tenho essa vontade agora.
Como eu não tenho gravadora,
não tenho nenhum contrato que
me obrigue a gravar um disco.
Folha - Como foi, para a sua carreira, participar da novela Pantanal?
Sater - Para mim foi um divisor
de águas. Antes eu tinha um público muito fiel, restrito ao meu
trabalho de violeiro, então o Pantanal me deu isso, foi muito importante. Foi a primeira novela
que eu fiz e naquela época ganhei
o prêmio ator revelação pela TCA,
o resultado foi bom, tanto é que
eu fui convidado para ser o protagonista da próxima novela, que
era Ana Raio e Zé Trovão.
Foi legal porque divulgou a minha imagem e minha música junto, me permite hoje fazer esses
shows pelo Brasil inteiro sem ter
gravadora, sem fazer nada.
Folha - No show, você só toca músicas suas?
Sater - Só minhas ou músicas
que eu gravei porque é a hora que
eu tenho para mostrar meu trabalho. A música que abre o show é
"Um Violeiro Toca" e a música
que termina o show não tem.
Folha - Você não pensa em voltar
para a TV?
Sater - Eu acho que eu já fiz três
trabalhos, três anos de novela, está bom. Pois tudo que eu queria
da novela ela me deu, a condição
de poder tocar mais, viajar, fazer
shows, e está muito bom assim.
Novela você ganha patrão.
O quê: Almir Sater e banda
Quando: Hoje, às 21h
Onde: Red Eventos (rodovia SP-340, km
130,5. Tel.: 0/xx/19/3867-5566)
Ingressos: R$ 25 (setor B), R$ 40 (setor
vip/camarote) e R$ 30 (setor A)
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