Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Carreiras e Empregos

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Filho do dono

Treinamentos ajudam empresas a passar por transição familiar

FELIPE GUTIERREZ DE SÃO PAULO

Herdeiros de empresas familiares estão recorrendo mais a serviços como os de "coaching" e cursos específicos para se preparar para assumir o negócio.

O programa de sucessão em empresas familiares da Fundação Dom Cabral, que é oferecido há dez anos, tem hoje cerca de 66 clientes por ano --no começo, eram 21.

Nos últimos dez meses, três herdeiros recorreram aos serviços de "coach" de André Freire. Outro consultor de RH, Marcelo Braga, atendeu dois casos como esses em 2013.

Nas sessões de aconselhamento, os "coachees" recebem dicas que vão desde não chamar o dono da empresa de "pai" no escritório até técnicas para ter carisma e "seduzir" os funcionários que já estão na empresa.

Para isso, diz Freire, "é preciso ter carisma e saber lidar com o peso de ser filho do dono e de que forma isso é diferente de ser um funcionário normal". Ele recomenda ao cliente ser autoconfiante de uma maneira que o ajude a convencer os outros de que tem credibilidade. E, ao mesmo tempo, mostrar sua evolução como profissional.

Para Braga, o aumento na demanda tem uma explicação demográfica: empresas que foram criadas em um momento forte da economia brasileira, os anos 1970, enfrentam agora a aposentadoria de seus fundadores e a ascensão da geração seguinte.

Uma pesquisa da consultoria PwC feita em 2010 aponta que 70% das organizações não têm um plano para resolver um eventual conflito entre parentes.

A pesquisa aponta, porém, que em 39% dos casos isso não se aplica, pois a sucessão não será dentro da mesma família ou há apenas um possível sucessor.

Resolver quem deveria assumir foi o caso em uma das empresas que contrataram os serviços de Braga.

Havia quatro filhos e era preciso decidir qual ficaria à frente. De cara, dois foram descartados e os outros foram trabalhar na empresa. Depois de seis meses foi escolhido o que tem mais capacidade de liderança.

DIREITINHO

Esse dilema não surgiu na empresa de limpeza Sanepav. Um dos filhos é músico e não tem interesse em seguir no negócio. O irmão Marco Aurélio Theodoro, 20, é quem deve seguir à frente.

Mas mesmo ele estava titubeando até o ano passado, quando contratou um "coach". Os dois conversaram durante meses e Theodoro trocou de curso --largou economia para estudar administração, pois queria aprender a lidar mais com pessoas.

O curso para famílias da Fundação Dom Cabral dura um ano e meio. Ele é frequentado por pais e filhos e seu intuito é fazer com que ambos estejam na mesma página tanto em relação a noções de teorias de administração quanto ao que querem para o futuro da empresa.

Um dos alunos foi o atual diretor-executivo da viação Expressão Mirassol, Celso Salgueiro Filho. Ele é da terceira geração da família no negócio e, agora, o filho está sendo preparado para assumir uma posição.

A cada troca de geração, ele diz, algo novo vai sendo incorporado. Ele recomenda que o filho, Danilo Salgueiro, hoje gerente financeiro, atente-se mais a um tema ao qual ele mesmo não dava muita atenção quando ainda não era o incumbente: o planejamento estratégico.

Fábio Arnaud, 81, é da segunda geração da empresa Inquisa, que vende produtos de higiene. Ele não pensa em parar de trabalhar (ele é o diretor-executivo). Mas sua filha, Rosana Arnaud, 53, conta que até mesmo a nora dela está galgando posições na empresa. "Ela está sendo preparada, fazendo aulas de gestão, tudo direitinho."

70
Em cada 100 empresas não têm um plano para saber qual descendente irá assumir a companhia

26%
Das empresas brasileiras têm programa para cuidar da sucessão familiar


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página