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Start-ups aceitam aportes sem precisar

Para se sentirem seguras, empresas iniciantes dos EUA recebem milhões em investimentos sem objetivo imediato

Valor médio aplicado nesses negócios chegou a US$ 44 milhões em 2014, o mais alto dos últimos cinco anos

DO "NEW YORK TIMES"

O Quora, um site de perguntas e respostas, não precisava levantar dinheiro. Mal havia tocado nos US$ 60 milhões (R$ 134 milhões) de investimento que havia recebido há dois anos. Mas a companhia californiana, que tem faturamento zero, recentemente anunciou nova rodada de aportes, de mais de US$ 80 milhões (R$ 178 milhões).

Esse investimento de valor assombroso --e sem qualquer propósito imediato óbvio-- representa o mais recente exemplo da nova dinâmica do Vale do Silício: empresas iniciantes, já repletas de capital, estão acumulando ainda mais dólares.

"Quanto mais dinheiro você tem no banco, mais confortável e confiante pode se sentir", afirma Marc Bonick, que dirige as operações de negócios da Quora. "É assim, simples."

Diversos fatores favorecem esse cenário. As start-ups (empresas iniciantes de tecnologia) estão mantendo seu capital fechado por mais tempo, as companhias de capital de risco querem colocar fundos ociosos para render e os investidores institucionais estão em busca de retornos em empresas privadas de crescimento acelerado.

Ao mesmo tempo, o fluxo pesado de dinheiro está inflacionando as avaliações de valor dessas companhias e alimentando o medo de uma nova bolha da internet.

"No Vale do Silício, é costume dizer: Coma quando oferecerem comida'", afirma Nirav Tolia, presidente-executivo da Nextdoor, que em 2013 aceitou US$ 60 milhões (R$ 134 milhões) em capital adicional apesar de ainda ter muito dinheiro no banco.

As rodadas de capitalização de empresas em estágio avançado cresceram imensamente em valor nos últimos anos. O montante médio dessas transações neste ano é de US$ 44,1 milhões (R$ 100 milhões), o que representa a marca mais alta em cinco anos, de acordo com dados da CB Insights.

MILHÕES SEM FIM

No começo do mês, o Airbnb, site de aluguel de imóveis por temporada, estava perto de um acordo que lhe valeria espantosos US$ 500 milhões em capital. A TPG Growth, um desses investidores, estava disposta a entrar sozinha com até US$ 150 milhões nessa rodada de capitalização.

Mas alguns executivos do setor de investimentos advertem que essa corrida pode reduzir a disciplina dos empreendedores.

Alguns investidores apontaram para os problemas da Fab.com, uma start-up de comércio eletrônico que, depois de dois anos de operação, levantou US$ 150 milhões na metade do ano passado.

Em meio a críticas de que a transação representava dinheiro demais, rápido demais, Jason Goldberg, o presidente-executivo da empresa, defendeu a operação. Mas um plano de expansão excessivamente ambicioso e quedas nas vendas levaram a uma onda de saída de funcionários e a uma dolorosa restruturação.

"Começamos a sonhar com bilhões quando o foco deveria ter sido simplesmente tornar cada dia melhor que o dia precedente", escreveu Goldberg em um post no blog da empresa, em janeiro.

Alfred Lin, sócio da Sequoia Capital, reconheceu que os investidores estão dedicando menos tempo à pesquisa obrigatória.

"Estamos jogando com regras um pouco diferentes das que tínhamos cinco anos atrás", afirma.


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