Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Carreiras e Empregos

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Dado gerado na internet ajuda empresa a elevar venda

Com monitoramento em tempo real, sites de comércio eletrônico ajustam estratégias

REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A cada três horas, um portal de comércio eletrônico consegue mudar seus planos de vendas de acordo com as preferências do público. Essa empresa tem apenas 18 funcionários e gasta US$ 500 (R$ 992) por mês para pôr em prática essa estratégia.

A tática é possível graças ao mundo do "big data" -análises eletrônicas de todos os dados gerados em toda a operação de uma empresa ou instituição, como áudios, redes sociais, cliques, vídeos, comportamento dos clientes, balanços, condições meteorológicas, GPS, câmeras e atendimento ao cliente.

Pequenas empresas no Brasil já conseguem acessar um pedaço dessas ferramentas com a chamada "customer intelligence" (inteligência voltada para o cliente) devido a um barateamento de alguns programas. O exemplo do começo dessa reportagem é o da start-up (empresa iniciante de base tecnológica) JánaMesa, serviço on-line de entrega de refeições.

Seu fundador, Bruno Mangatti, 24, e mais duas pessoas monitoram toda a operação do site. "Um caso muito bacana foi uma promoção de pizza com bebidas que fizemos uma vez. Nossa opinião era de que os consumidores iriam adorar, mas descobrimos que eles preferiam só comprar a pizza. Vimos isso nos gráficos e consertamos na mesma hora", lembra.

A empresa faz as análises com o software gratuito Google Analytics e com o RJMetrics, que custa US$ 500 ao mês. Muitos dos softwares que analisam esses dados também possuem códigos de programação para vasculhar a internet em busca de informações de interesse da companhia. São verdadeiros robôs que leem e armazenam dados de blogs e rede sociais.

A empresa de mochilas e acessórios para esportes de aventura Deuter começou a contar com o recurso há um ano. "Passamos a saber quem era nosso cliente e o que ele queria", afirma o gerente de marketing Pedro Lacaz Amaral, 38.

Com a descoberta, a Deuter passou a aprimorar suas estratégias para prospectar clientes com gostos semelhantes. Os anúncios e conteúdos agora são feitos de acordo com as preferências indicadas pelas pesquisas.

RISCOS MENORES

As técnicas de "big data" geram 1,8 zettabyte (1,8 trilhão de gigabytes) e devem movimentar US$ 17 bilhões (R$ 33,6 bilhões) no mundo até 2015, segundo a consultoria IDC. Interessados no mercado brasileiro, multinacionais do setor se instalaram no país nos últimos anos, como EMC e Emailvision.

Segundo o especialista em canais da EMC Brasil, Luiz Gustavo de Andrade, médias empresas também têm boas perspectivas no país. "A tecnologia de análise de dados permite reduzir muito os riscos de um negócio que deseja crescer", defende.

Ele dá os exemplos do monitoramento das gravações de áudio de uma empresa no seu atendimento ao cliente: com isso, estatísticas das queixas e análises rápidas podem evitar crises.

A varejista on-line Netshoes, por exemplo, começou em 2000 como uma pequena loja na rua Maria Antônia, em São Paulo, e hoje recebe mais de 14 milhões de visitantes em seu site por mês.

"Nosso time de análises tem 21 pessoas, sendo dois estatísticos. Conseguimos com isso medir até a propensão de vendas para os clientes, o que permite planejar melhor setores como de marketing, de estoque e financeiro, entre outros", diz o diretor de tecnologia Rodrigo Nasser, 33.

O professor do curso de ciência da computação do Senac Mascir de Oliveira lembra também que tudo que envolve o "big data" enfrenta discussões de privacidade.

O Brasil não tem legislação sobre privacidade na internet. Há um anteprojeto de lei sobre o tema que está parado no Ministério da Justiça desde 2010. "Em outros países há um movimento para forçar as empresas a pelo menos deixarem claro que rastreiam dados e pedirem permissão para isso. Isso em tese pode deixar menos lucrativos os negócios do setor", analisa.

Alvos

As informações de uma empresa são criadas em uma série de aparelhos e plataformas eletrônicas. Tudo isso pode ser armazenado em servidores e transformado em gráficos e tabelas com o uso da estatística. Sidnir Vieira, diretor-executivo de informática da OpenWare do Brasil, empresa de soluções para "big data", afirma que uma das grandes qualidades dessas ferramentas é a possibilidade de analisar dados não estruturados -isto é, até comentários na internet e o modo como um internauta navega por um site podem virar decisões de negócio em tempo real. Outra possibilidade é fazer marketing personalizado. Felipe Wasserman, do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM, explica que os dados gerados em redes sociais ou pelos "cookies" (sensores nos navegadores) permitem saber com mais exatidão os gostos do cliente e assim criar promoções mais certeiras.

Custos

Usar a "customer intelligence" ou todas as ferramentas do "big data" exige investimento em conhecimento e tecnologia. Já há ferramentas mais básicas, como o LAN Nevoa Image Warehouse, por R$ 720, e o RJMetrics, por R$ 992. Alternativas gratuitas são o Google Analytics e o Hadoop.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página