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Centenário polar tem casamento no gelo

Turistas aproveitaram para se casar e dar 'volta olímpica' no polo Sul cem anos após conquista de Roald Amundsen

Explorador norueguês foi homenageado com busto por primeiro-ministro; cerimônia foi atração para centenas

João Wainer/Folhapress
Primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, antes de inaugurar busto de Amundsen
Primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, antes de inaugurar busto de Amundsen

IVAN FINOTTI
JOÃO WAINER
ENVIADOS ESPECIAIS AO Polo SUL

Duas cerimônias e a visita de centenas de turistas marcaram o centenário da conquista do polo Sul pelo explorador norueguês Roald Amundsen, em 14 de dezembro de 1911.

As homenagens dos turistas foram mais curiosas que as oficiais. Um escoteiro de Hong Kong, Peter Lui, 53, levou dois coelhinhos à marca e se tornou, assim, o primeiro escoteiro de Hong Kong a atingir o polo. "Mas um escoteiro inglês esteve aqui há um dois anos", lamentou.

O magnata norte-americano Dan Pena, 66, resolveu se casar no local. Ordenou a um de seus funcionários, William R. Smith, 41, que fizesse um curso pela internet e tirasse licença para poder realizar casamentos.

A esposa, aliás, é outra (ex-)funcionária de suas empresas, Sally Hall, 48. Assim, ontem às 18h (horário de Brasília), Daniel se tornou o primeiro milionário a se casar no polo Sul (um cientista americano já havia se casado ali há alguns anos).

Don Parrish, 67, é uma pequena grande figura. Baixinho, mal alcançando 1,60 m, caminhando como um pinguim, é um viajante profissional. Já esteve em todos os países do mundo.

"Como a Antártida não é um país, não me preocupei com ela antes", explicou, mostrando uma foto de Steve Jobs que levava consigo como homenagem.

VOLTA AO MUNDO

Don, que pertence ao Clube dos Circum-navegadores (dedicado a reunir as pessoas que já deram ao menos uma volta ao mundo), aproveitou para dar 100 voltas ao redor da marca oficial do polo Sul. "Na verdade, dei 110, para o caso de eu ter pulado na contagem", declarou.

Até uma senhora de bengala, com problemas na parte esquerda da bacia, teve sua oportunidade e, devagarzinho, alcançou o ponto. É Mieko Kugizaki, 73. Ela, inclusive, já reservou uma passagem para um voo espacial no ano que vem, a bordo das naves criadas pelo bilionário britânico Richard Branson.

"Meu marido tem medo dessas viagens, então venho sem ele", contou Mieko, que contratou um guia como ajudante geral e tradutor.

À 1h de ontem, o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, deu início às comemorações ao fazer um discurso ao lado da esfera de metal que hoje é o marco oficial do polo Sul.

A cerimônia, para cerca de 250 pessoas, em frente à estação de pesquisa americana Amundsen-Scott, foi realizada inteiramente em inglês.

HONRA AO MÉRITO

"Estamos aqui para celebrar esses cinco bravos noruegueses e este continente gelado", declarou o ministro.

Os cinco referem-se a Amundsen e aos quatro outros marujos de sua equipe: Oscar Wisting, Helmer Hanssen, Sverre Hassel e Olav Bjaaland. Com a ajuda de quatro trenós e 52 cães (dos quais apenas 11 voltaram da jornada; os outros foram devorados pela expedição), o quinteto chegou à sua meta em menos de dois meses.

Outro evento, às 12h, horário em que Amundsen de fato atingiu o polo, contou com leituras de seu diário e descrições de sua personalidade. Meticuloso e obcecado, não deixava nada ao acaso.

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