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Espaçonave russa deve cair na Terra neste mês

Sonda que deveria viajar a uma lua de Marte teve falha nos propulsores

Até 30 pedaços da nave de 14,5 toneladas devem resistir à queda mas dificilmente vão atingir pessoas

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De início, a viagem era até Marte, mas a missão da sonda russa Fobos-Grunt acabou abreviada para um rápido e infrutífero passeio pela órbita terrestre. Agora, chegou a hora de ela despencar do céu.

Ninguém sabe onde ou exatamente quando. As estimativas das autoridades russas dão conta de que ela deve cair entre hoje e o próximo dia 21. A data mais provável é domingo, 15 de janeiro, embora variações nas condições da atmosfera tornem qualquer previsão mero chute.

A única informação segura é de que partes da sonda devem resistir à reentrada e chegar ao chão.

Embora o processo seja violentíssimo, dada a velocidade da espaçonave, alguns de seus componentes foram projetados para resistir.

Isso porque, nos planos originais, a Fobos-Grunt iria até as imediações de Marte, pousaria na maior de suas duas luas, Fobos, e voltaria com amostras de sua superfície.

Ela chegaria aqui com o tanque de combustível vazio. Contudo, dada a falha no disparo dos propulsores que a deixou presa em órbita terrestre, a sonda descerá completamente abastecida.

"A presença do combustível levará a uma destruição ainda maior na reentrada, o que, por incrível que pareça, é melhor do que se ela ocorresse com os tanques vazios", avalia Petrônio Noronha de Souza, tecnologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos (SP).

Os russos esperam que, cheio de combustível inflamável, o tanque sofra uma explosão com o calor do atrito com a atmosfera, impedindo que grandes pedaços da sonda -com suas 14,5 toneladas- cheguem ao chão.

Segundo os especialistas, devem chegar ao solo até 30 pedaços, somando 200 kg.

O mais provável é que o local da queda seja o oceano Atlântico ou o continente africano. Mas a chance de machucar alguém é remotíssima. Outros casos de reentrada de lixo espacial já causaram apreensão pelo risco, ainda que muito baixo, de que alguém fosse atingido.

FRACASSO

O projeto da Fobos consumiu US$ 163 milhões após mais de uma década sem lançamentos interplanetários da Rússia. A última sonda russa, de 1996, também foi destinada a Marte e fracassou.

A Fobos-Grunt partiu no dia 8 de novembro de 2011, mas logo percebeu-se que seus propulsores falharam.

Tentativas de estabelecer contato de rádio com a sonda foram feitas, por estações russas e pela Agência Espacial Europeia. Os europeus estabeleceram contato com a espaçonave, mas jamais ficou claro se ela obedeceu a algum dos comandos.

Apesar dos esforços, não foi possível recolocá-la a caminho de Marte.

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