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Brasil é acusado de atrasar construção de megatelescópio

Diretor do Observatório Europeu do Sul, no Chile, diz que indefinição do governo brasileiro prejudica projeto

Acordo assinado em 2010 previa adesão do país ao observatório, mas o texto não foi formalizado ainda

Divulgação ESO
Telescópios em funcionamento no ESO
Telescópios em funcionamento no ESO

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA A SANTIAGO (CHILE)

A construção do maior e mais avançado telescópio espacial do mundo está atrasada por causa do Brasil. A afirmação é de Tim de Zeew, diretor-geral do ESO (Observatório Europeu do Sul), o conjunto de instrumentos de observação em solo que mais produz publicações científicas no planeta.

"Fizemos várias tentativas de falar com o ministro da Ciência e Tecnologia [Aloizio Mercadante], mas nunca obtivemos qualquer resposta. Só silêncio", disse de Zeew em um encontro com jornalistas brasileiros no Chile.

Em dezembro de 2010, o Brasil assinou um compromisso de adesão ao ESO.

O país seria o 15º membro do observatório, o único não europeu. Para formalizar o acordo, porém, o texto precisa passar pelo Congresso e pelo Ministério das Relações Exteriores. O responsável por enviar esse material para a votação é o titular da pasta de Ciência e de Tecnologia, mas isso não aconteceu.

Ao tornar-se membro do ESO, o Brasil tem amplo acesso às avançadas instalações do grupo. A contrapartida é o pagamento de uma anuidade. Os cientistas brasileiros, porém, já receberam o direito de usar o observatório, como se o país fosse membro pleno. A bandeira do Brasil figura no site e em todo o material oficial do ESO.

Pelas negociações iniciais, o acordo deveria ter sido enviado para o Congresso até dezembro do ano passado. As contribuições financeiras deveriam ter começado em 2012.

A indefinição já começa a ameaçar os projetos que dependem da participação brasileira, sobretudo a construção do E-ELT (European Extremaly Large Telescope), um gigante de 40 metros no deserto do Atacama, no Chile.

"Sem a definição do Brasil, o ESO não tem como começar os contratos de construção. Essa demora é algo que me surpreende muito, especialmente com as condições que foram oferecidas ao país", disse de Zeew.

Essa não é a primeira vez que o país atrasa seus compromissos na área espacial.

O Brasil prometeu à Nasa e a outras agências, em 1997, que daria US$ 100 milhões para a construção da ISS (Estação Espacial Internacional), além de fabricar peças.

O país nunca entregou os componentes e pagou só US$ 10 milhões do prometido. Acabou afastado do projeto.

O diretor do ESO afirma que, se até o meio do ano a questão não for resolvida, o país pode ser substituído por Rússia, Israel ou Austrália, que têm interesse no projeto.

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