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Crocodilo pré-histórico devorava raízes

Espécie fóssil descoberta na zona rural de Monte Alto (SP) tinha estilo de vida muito diferente de parentes atuais

Criatura de 90 milhões de anos era totalmente terrestre e também podia comer moluscos ou pequenos vertebrados

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE “CIÊNCIA E SAÚDE”

O mais novo integrante da diversificada fauna de crocodilos pré-históricos do Brasil provavelmente não meteria medo em ninguém, apesar da fama de máquina assassina de alguns de seus parentes do mundo moderno.

É verdade que o Caipirasuchus paulistanus tinha uma mordida poderosa, mas os paleontólogos que descobriram fósseis do bicho afirmam que ela a usava para fins relativamente pacíficos: cortar raízes de plantas, quebrar conchas de moluscos e capturar um ou outro vertebrado de pequeno porte.

A espécie é genuinamente caipira, como sugere o nome, tendo sido descoberta na zona rural de Monte Alto (cidade do interior paulista a 350 km da capital do Estado).

A criatura foi descrita em artigo na revista científica "Journal of Vertebrate Paleontology" por Fabiano Iori e Ismar Carvalho, ambos do Departamento de Geologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O Caipirasuchus é mais um exemplo da imensa diversidade de crocodilos que povoava o interior paulista na Era dos Dinossauros (no caso da nova espécie, há cerca de 90 milhões de anos).

O ponto em comum entre esses bichos todos era o fato de serem terrestres, e não semiaquáticos, com membros relativamente eretos e alongados. Alguns, porém, eram superpredadores, parecidos com leões ou lobos; outros tinham armaduras corporais que lembravam as de tatus.

O C. paulistanus se destaca por causa de maneira como usava a boca para agarrar e processar os alimentos. O focinho afilado o ajudava a "fisgar" as presas, enquanto os dentes de trás eram capazes de triturar coisas como vegetais duros e raízes.

No geral, seria um onívoro oportunista e ágil, não muito diferente de criaturas como quatis e gambás (embora, medindo 1,5 m, ele fosse maior que esses bichos). É um estilo de vida que jacarés e crocodilos não adotam hoje.

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