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Brasil tem pelo menos 250 novas espécies ameaçadas de extinção

Nova lista da fauna nativa em risco está sendo elaborada pelo Instituto Chico Mendes

Dados finais da saúde dos animais serão lançados no final de 2014; última avaliação foi publicada em 2004

Marisa Cauduro/Folhapress
Mico-leão-dourado no zoológico de Sorocaba, SP
Mico-leão-dourado no zoológico de Sorocaba, SP

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

O Brasil ganhou pelo menos 250 novas espécies ameaçadas na última década. Os dados, ainda preliminares, são da lista da fauna em risco que o ICMBio (Instituto Chico Mendes) prepara para o fim de 2014.

A nova lista é a primeira avaliação global do estado de saúde dos animais brasileiros em uma década.

A anterior, publicada em 2004 pelo Ibama, indicava que 627 das cerca de 1.300 espécies avaliadas de anfíbios, répteis, peixes, aves, mamíferos e invertebrados estava sob algum grau de ameaça.

O status de ameaça de extinção é dado segundo categorias definidas pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).

São elas "vulnerável", "em perigo", "criticamente em perigo", "extinto na natureza" e "extinta", de acordo com diversas medições do tamanho das populações e do grau de fragmentação dos habitats.

MUDANÇA

Uma instrução normativa publicada na última segunda-feira (3/4) no "Diário Oficial da União" determina uma mudança de estratégia na elaboração da próxima lista: a anterior, elaborada pela Fundação Biodiversitas para o Ibama, olhava apenas as chamadas espécies-candidatas, ou seja, as espécies de um mesmo gênero ou família com problemas em potencial.

"As listas eram encomendas à Biodiversitas com um prazo de desenvolvimento previamente estabelecido e nunca superior a 12-24 meses e com orçamento limitado", diz Gláucia Drummond, superintendente da fundação. "Nessas condições, não era possível avaliar todas as espécies de um dado grupo."

"Isso era tendencioso, porque a gente já sabe que vai ter vulnerabilidade", disse à Folha Ugo Vercillo, coordenador de Espécies Ameaçadas do Instituto Chico Mendes.

SALTO

A nova avaliação levará em conta todas as espécies de um determinado grupo, independentemente de suspeitas sobre seu grau de ameaça.

Isso fará com que o número de espécies avaliadas salte de 1.300 para 10 mil. Até agora só se avaliou 28% desse total. Daí a queda aparente na proporção de ameaçadas (de 50% para 15%).

Vercillo diz, porém, que o número real de animais em perigo aumenta a cada ano.

"O país não para de crescer, as áreas nativas continuam sendo alteradas", afirma.

Um caso que o ICMBio considera preocupante é o dos tubarões. Das 169 espécies brasileiras, duas são consideradas "regionalmente extintas" e 60 estão sob ameaça.

Outro motivo de preocupação é o impacto do aumento da construção de hidrelétricas sobre os peixes.

"Existe [hoje] uma tendência ao aumento de espécies em perigo, tanto para peixes continentais quanto para marinhos", diz Vercillo.

Por outro lado, há também espécies saindo de risco devido a programas de conservação. Até agora, segundo o coordenador do ICMBio, três que estavam ameaçadas em 2003 já deixaram a categoria.

Outras tiveram seu grau de ameaça reduzido, como a arara-azul-de-lear, caso citado por Drummond.

Segundo a bióloga, esforços de conservação no norte da Bahia, habitat da ave, aumentaram o número de indivíduos na natureza. "É provável que sua categoria seja reavaliada, passando de 'criticamente em perigo' para 'em perigo'", diz Drummond. Um alívio. Saiba mais em www.icmbio.gov.br

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