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Estudo explica 'lado bom' de forma de anemia

Variante da doença dificulta infecção por parasita da malária e pode inspirar drogas

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Reprodução
Fêmea de mosquito do gênero Anopheles, transmissor da malária, suga sangue humano
Fêmea de mosquito do gênero Anopheles, transmissor da malária, suga sangue humano

É um desses raros casos em saúde de um mal que vem para o bem. E agora uma equipe de pesquisadores na Alemanha explicou o motivo.
Vítimas de uma doença que afeta células do sangue, a anemia falciforme, têm mais resistência ao parasita da malária, algo cujo motivo até agora era misterioso.
Um novo estudo publicado na revista "Science" elucida esse motivo, criando mais uma alternativa para a elaboração de novos tratamentos para a doença.
O parasita, conhecido como plasmódio, é um ser unicelular que começa atacando células vermelhas do sangue. Essas células têm a forma de um biscoito redondo. Mas portadores do gene da anemia falciforme produzem células vermelhas com a forma de uma "foice" (como uma lua crescente), o que dificulta a infecção pelo parasita.
A anemia falciforme é particularmente comum em populações africanas sujeitas a múltiplas infecções pelo parasita, que é transmitido pelas fêmeas de mosquito do gênero Anopheles.
O sangue desses africanos tem uma forma mutante da sua substância essencial, a hemoglobina, conhecida como hemoglobina S (de "sickle", ou "foice", de onde vem o nome "falciforme"); há uma outra versão com papel protetor semelhante conhecida como hemoglobina C.
A equipe liderada pelo pesquisador Marek Cyrklaff, da Universidade de Heidelberg (Alemanha), descobriu que o parasita age como um garimpeiro dentro da célula vermelha, retirando uma proteína, a actina, que ele usa para criar um "esqueleto" dentro da célula infectada.
Mas eles mostraram também que as células mutantes contendo hemoglobina S ou C afetam a capacidade do plasmódio de desenvolver esse esqueleto protetor.
Para isso, usaram uma técnica nova de microscopia eletrônica, a criomicroscopia, que produz "instantâneos" congelados do parasita.
O grupo mostrou como a célula impede o parasita de usar a sua actina, o que pode inspirar novas drogas.

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