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Lua de Júpiter tem lagos pouco abaixo de superfície gelada

Bolsão de água líquida do tamanho dos Grandes Lagos americanos explicaria 'calombos' na crosta de Europa

Cientistas acreditam que há interação entre o líquido e a superfície, o que poderia favorecer existência de seres vivos

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Europa, uma gélida lua de Júpiter, pode ter um gigantesco bolsão de água líquida "apenas" três quilômetros abaixo de sua superfície congelada. A descoberta aumenta as chances de o satélite ter condições de abrigar vida.
A existência de água em grandes quantidades em Europa não é novidade. Os cientistas achavam, no entanto, que não havia contato entre a água "presa" sob o gelo e a superfície da lua.
O novo estudo, liderado por Britney Schmidt, da Universidade do Texas, e publicado na "Nature", usou dados da sonda Galileo para mostrar que não é bem assim.
"O estudo diz que a água está bem rasa, além de mostrar a existência de interação entre a superfície e as águas mais profundas", diz Rodney Gomes, astrônomo do Observatório Nacional.
A troca de nutrientes e energia entre a superfície e as águas sob o gelo aumenta as chances de um ambiente favorável à geração de vida.
Os pesquisadores estudaram regiões conhecidas como terrenos caóticos. Como o nome sugere, são formações irregulares, com áreas altas e outras afundadas, e formas parecidas com icebergs. Embora haja centenas delas no satélite, seu processo de formação era obscuro.
A partir do estudo de vulcões subterrâneos em áreas congeladas e da formação de icebergs aqui na Terra, os cientistas chegaram ao modelo do que acontece por lá.
No caso da lua, a água é esquentada não por vulcões, mas pela interação gravitacional entre ela e Júpiter.
A água mais quente forma bolhas de calor que "sobem". Essa água derretida forma lagos, que vão enfraquecendo a camada de gelo acima.
Conforme a camada de gelo vai cedendo, a superfície sofre modificações. Mais água vai se infiltrando e algo parecido com os nossos icebergs aparece no local.
A confirmação do estudo ainda depende da visita de uma nova sonda às luas de Júpiter. Com a Nasa sob sérias restrições orçamentárias, deve demorar um pouco.

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