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Grupo cria diagnóstico para câncer animal
Ele detecta doença facial e infecciosa que ameaça diabos-da-tasmânia; feito pode evitar a sua extinção
Wayne McLean/Creative Commons
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Diabo-da-tasmânia descansa; doença letal e enigmática põe espécie feroz, que inspirou o personagem de desenho Taz, em risco
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo internacional deu
um grande passo para controlar uma das doenças mais enigmáticas e letais do mundo -um
câncer facial infeccioso que está dizimando os diabos-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii).
Se não for enfrentada, a moléstia pode levar esses marsupiais pequenos e ferozes, inspiradores de desenhos animados,
à extinção. Na revista "Science", o grupo propõe um método
de diagnóstico dos tumores,
que detectaria a doença com
confiabilidade de quase 100%.
"Isso ajudaria em projetos
em que diabos com câncer estão sendo removidos da população, para tentar controlar a
doença", diz o veterinário catarinense Alexandre Kreiss, da
Universidade da Tasmânia, um
dos autores. A remoção é, até
agora, a única medida possível.
Não existem vacinas ou tratamentos contra esse câncer.
O diagnóstico rápido e preciso se tornou viável porque foi
possível identificar a provável
fonte dos tumores faciais. Analisando o padrão de expressão
do DNA das células tumorais, a
equipe descobriu grande semelhança com as células da bainha de mielina, que "encapa"
as terminações nervosas.
Um dos genes ativados nos
tumores leva à produção de
uma proteína das células da
bainha de mielina, a periaxina,
cuja detecção num tumor confirmou que ele correspondia ao
temido câncer em 100% dos casos. Isso sugere que a doença
surgiu quando células da bainha perderam suas características originais e começaram a
se multiplicar feito loucas.
Vida bizarra
Os cientistas confirmaram
também que a doença se comporta feito um parasita. É que o
material genético das células
do câncer é uniforme, como se
cada tumor fosse um clone do
outro, independente do bicho
doente. O DNA dos diabos não
bate com o dos seus tumores.
Ou seja: tudo indica que a
doença surgiu tempos atrás
num indivíduo, que transmitiu
as células tumorais via mordidas (como o nome indica, diabos-da-tasmânia são muito brigões). Desde então, o tumor
saltou de bicho em bicho, como
se fosse um ser independente.
Mas os diabos infectados não
deveriam rejeitar as células estranhas? "Não sabemos por
que não há rejeição. Suspeitava-se que a baixa diversidade
genética entre os animais explicasse, mas ela é suficiente para
levar à rejeição", diz Kreiss. Para ele, é possível que, com o
tempo, o tumor fique menos
violento, já que ele teria mais
chance de se espalhar se não
matasse os hospedeiros.
(RJL)
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