DA REDAÇÃO

Autoridades de saúde em Hong Kong continuaram a escalada de iniciativas para tentar conter o avanço da Sars, a síndrome respiratória aguda grave (na sigla em inglês), também conhecida como pneumonia misteriosa. Ontem, um prédio inteiro foi colocado em quarentena. Além disso, todas as escolas primárias e secundárias serão fechadas por nove dias.
Pelo menos 92 novos casos foram relatados nos apartamentos do condomínio Amoy Gardens, o maior aumento de casos num único dia. A situação sugere que a doença pode ser mais contagiosa do que inicialmente previsto. Alguns suspeitam que ela possa ser transmitida pelo ar.
Apesar de as famílias do prédio estarem confinadas a seus apartamentos, muitos na cidade acusam as autoridades de saúde de terem agido tarde demais. Muitos dos moradores já haviam partido para outros bairros ou fugido antes do início da quarentena.
O número de casos em Hong Kong chegou ontem a 213. No mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são mais de 1.600 os casos suspeitos e 58 os mortos.
Os sintomas são febre elevada (acima de 38C) e sensação de gripe, podendo incluir tosse e fadiga. O quadro então evolui para insuficiência respiratória. A infecção é provavelmente causada por um vírus. Como potenciais agentes foram apontados paramixovírus e coronavírus, mas a OMS declara que o causador ainda não foi identificado positivamente.
Os casos estão concentrados no Sudeste Asiático, principalmente China e Hong Kong (veja o quadro à esquerda). Fora da Ásia, EUA e Canadá são os mais prejudicados. A Província de Ontário tomou as iniciativas mais radicais para conter o avanço da doença: determinar a verificação de passageiros que partem do principal aeroporto de Toronto e colocar centenas de pessoas em quarentena, segundo as autoridades de saúde canadenses.
Ontem a Austrália relatou seu primeiro caso suspeito. Nenhum foi reportado na América do Sul, mas as autoridades brasileiras já estão se preparando. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está seguindo as recomendações da OMS e instruindo a passageiros de vôos provenientes das regiões infectadas com sintomas da doença que se apresentem imediatamente aos agentes de saúde locais, ainda no aeroporto.
Os programas de quarentena também foram intensificados em Cingapura, onde 1.514 pessoas estão confinadas para tentar conter a progressão da doença.
Embora todos os tratamentos tenham mostrado pouca eficiência na cura da Sars, os médicos ressaltam que alguns dos sintomas estão sendo combatidos com sucesso e vários pacientes estão se recuperando e recebendo alta.