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Óleo chega à costa e Obama congela novas perfurações
Vazamento no golfo do México pode se tornar o mais grave no país em décadas
Mau tempo frustra esforços
de contenção da mancha;
na Louisiana, pescadores
param e governo critica
a BP, empresa responsável
Ann Heisenfelt/Efe
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PRIMEIRA VÍTIMA
Veterinárias de grupo de resgate de aves da Louisiana limpam alcatraz contaminado por petróleo, capturado no mar; óleo deixa as penas permeáveis, matando os animais por afogamento
DA REDAÇÃO
O óleo que vazou da explosão
de uma plataforma no golfo do
México começou a atingir a
costa sul dos EUA ontem,
ameaçando aves marinhas,
manguezais e a bilionária indústria pesqueira da região.
O desastre, que pode se tornar o mais grave do gênero no
país em décadas, fez o presidente Barack Obama suspender ontem todas as novas licenças para exploração de petróleo
no mar. Ele pediu ao secretário
do Interior, Ken Salazar, que
liste em 30 dias as tecnologias
que possam ser usadas para
evitar novos acidentes do tipo.
"Vamos nos assegurar de que
todas as concessões autorizadas tenham essas salvaguardas", declarou o presidente. A
suspensão das licenças não deve ter efeito imediato, já que
não há pedidos pendentes para
os próximos meses.
A ampliação da exploração
oceânica é peça-chave da política de clima e energia da Casa
Branca. Ao liberar o litoral do
Atlântico e o norte do Alasca às
perfurações, o governo espera
reduzir a dependência de óleo
do Oriente Médio e angariar
votos republicanos para a lei de
mudança climática, em fase crítica de tramitação no Senado.
Porém, poucas horas depois
da declaração de Obama, uma
segunda plataforma virou no
golfo. Até o fechamento desta
edição, não havia informação
sobre risco ambiental.
Resistência
A mancha de mais de 200 km
de extensão foi produzida após
o acidente com a plataforma
Deepwater Horizon, operada
pela petrolífera BP, no último
dia 20. A explosão, que afundou
a plataforma e matou 11 pessoas, causou o vazamento de
óleo cru de um poço a 1.500 metros de profundidade. Estima-se que 5.000 barris estejam vazando por dia. Várias tentativas
de limpar o petróleo já foram
feitas, de queimas controladas
até a pulverização com produtos químicos. Mas as condições
meteorológicas ruins -ondas
fortes e previsão de temporais- estão atrapalhando.
Ontem o governador do Estado da Louisiana, Bobby Jindal, disse também que as dezenas de quilômetros de boias de
contenção que estão sendo empregadas não estão conseguindo conter a mancha.
"As primeiras áreas impactadas por essa mancha de óleo
são regiões costeiras críticas e
frágeis", disse ele. "Os próximos dias serão cruciais. Por isso preciso fazer todo o possível
para proteger nosso litoral." A
Louisiana e a Flórida decretaram estado de emergência.
Exxon Valdez
Pior ainda, não há previsão
de que o poço de onde o óleo vaza seja vedado tão cedo. A BP
tem tentado, sem sucesso, fechar uma válvula da plataforma
danificada que controla o fluxo
do poço usando robôs submarinos. Segundo Daren Beaudo,
porta-voz da empresa, uma solução definitiva para o vazamento -cavar um segundo poço e por ele injetar concreto no
local do vazamento- pode levar "um par de meses".
Se o derramamento persistir
por esse tempo, o desastre no
golfo pode superar o pior derrame de óleo da história dos EUA,
o do superpetroleiro Exxon
Valdez, em 1989, no Alasca.
"Eu estou assustado. Isso é
muito, muito grande", disse
Davis Kennedy, da Noaa (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera). "E os esforços necessários para fazer algo
a respeito são inacreditáveis."
A BP foi criticada ontem por
várias autoridades americanas,
de Jindal à secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano. O executivo chefe da empresa, Tony Hayward, disse que
compensará os afetados.
"Nós estamos nos responsabilizando completamente pelo
vazamento e vamos limpá-lo, e,
onde as pessoas puderem apresentar reclamações legítimas
de danos, vamos honrar isso."
Os prejuízos à indústria pesqueira na Louisiana poderiam
chegar a US$ 2,5 bilhões, e o
impacto ao turismo na península da Flórida pode ser de até
US$ 3 bilhões.
Por enquanto, moradores e
trabalhadores de cidades como
Venice, Louisiana, são os que
estão sentindo mais diretamente os efeitos da mancha.
Toda a atividade de pesca, inclusive de camarões -a base da
economia local-, foi suspensa
em Venice na manhã de sexta.
Todos os barcos pesqueiros
da cidade foram levados ao cais.
Uma empresa local de frutos do
mar, Sharkco, estava vendendo
seus últimos 25 quilos de camarões. "São os últimos camarões
em muito, muito tempo", gritou o dono da firma, a pescadores que passavam pelo local e
que compraram os camarões
por US$ 3 o quilo.
Com agências internacionais
e "The New York Times"
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