São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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Peixes recém-descritos podem sumir com desastre petroleiro

DA ASSOCIATED PRESS

Cientistas afirmaram ontem que o vazamento no golfo do México é um desastre não só para a vida na superfície do mar, mas também em suas profundezas -cujos habitantes vão do minúsculo plâncton à baleia cachalote.
Grupos de animais marinhos emergem todas as noites de águas profundas para águas mais rasas para alimentar-se de outros peixes.
Espécies que vivem perto da superfície, como camarões, servem de alimento para muitos desses animais.
Além disso, algumas dessas espécies estão em sua época anual de procriação. Ovos expostos ao óleo tornam-se rapidamente inviáveis, e os animais que conseguirem nascer poderão morrer de fome com a queda na quantidade de plâncton.
"Todo peixe e invertebrado que entra em contato com o óleo está provavelmente morrendo", afirmou Prosanta Chakrabarty, da Universidade Estadual da Louisiana. "Nós podemos muito bem perder dezenas de espécies vulneráveis de peixes."
Em 2009, Chakrabarty descobriu duas novas espécies de peixes-morcego vivendo a cerca de 48 quilômetros da costa da Louisiana, perto da região onde a plataforma afundou.
É possível que, quando o artigo científico de Chakrabarty descrevendo a descoberta for publicado na edição de agosto do "Journal of Fish Biology", as duas espécies estejam seriamente ameaçadas ou até extintas. "Infelizmente, até lá o vazamento de petróleo vai ter jogado milhões de litros de petróleo no seu habitat", disse ele.
"Esse desastre vai matar mais espécies de peixes do que a BP sequer imagina que existam", disse Kevin Curole, morador de uma vila de pescadores na Louisiana. "As pessoas costumavam vir aqui para pesquisar. Mas agora elas irão visitar um memorial de um estilo de vida extinto", disse ele.
Segundo pesquisadores, pelo menos duas grandes colunas de óleo foram encontradas a centenas de metros abaixo da superfície.
Executivos da BP, no entanto, negam o espalhamento de óleo sob a superfície. O presidente da empresa, Tony Hayward, disse que o óleo naturalmente sobe à superfície e que qualquer óleo encontrado nas profundezas encontra-se a caminho do topo da coluna d'água.


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