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Vacina para obesidade funciona em rato
Reuters
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Camundongo obeso de estimação na Austrália |
Anticorpos agem contra grelina, mensageiro químico que parece favorecer acúmulo de gordura no corpo dos animais
Estratégia não modifica o
apetite dos ratos que foram
vacinados; dúvidas têm de
ser resolvidas antes de um
possível teste em humanos
DA REDAÇÃO
Pelo menos para ratos de laboratório, o sonho de uma vacina contra a epidemia da obesidade está se tornando realidade. Pesquisadores nos Estados
Unidos desenvolveram uma estratégia semelhante à imunização que qualquer criança recebe contra sarampo ou tétano,
mas que, em vez de atacar micróbios, inutiliza um dos hormônios que fazem humanos ou
roedores engordar.
O estudo, publicado on-line
pela revista científica "PNAS"
(www.pnas.org), da Academia
Nacional de Ciências dos EUA,
é um primeiro passo para chegar a um resultado parecido em
pessoas, embora os pesquisadores advirtam de que ainda há
um longo caminho a percorrer
antes disso. "Não estamos afirmando que o nosso estudo resolve as questões do tratamento da obesidade de uma vez por
todas", declarou Kim Janda, do
Instituto de Pesquisa Scripps,
na Califórnia. "O que estamos
dizendo, e o que nosso estudo
confirma, é que essa parece ser
uma solução séria e passível de
ser testada", pondera.
Uma das descobertas-chave
que as pesquisas sobre obesidade proporcionaram nos últimos anos é o importante papel
do cérebro no controle dos processos que fazem alguém emagrecer ou engordar. Além da
sensação de saciedade propriamente dita -que normalmente
define quando alguém decide
parar de comer-, o cérebro
também ajuda a controlar o sistema de armazenamento de
energia no organismo.
Chave hormonal
É aí que entra a grelina, um
hormônio do estômago descoberto no fim da década passada.
A substância, um pequeno peptídeo (fragmento de proteína),
parece promover o aumento de
peso, porque diminui a quantidade de energia que o organismo consome e impede que a
gordura seja degradada (leia
quadro à esquerda).
O que significa dizer que Kim
Janda e seus colegas criaram
uma vacina contra a grelina?
Na verdade, eles desenvolveram anticorpos contra o hormônio -moléculas que normalmente se ligam a substâncias invasoras e as inutilizam.
Ao injetar três versões de anticorpos contra a grelina no organismo de seus ratos de laboratório, os pesquisadores queriam, dessa forma, impedir que
o hormônio chegasse ao cérebro e desencadeasse suas funções pró-gordura.
Após as aplicações da vacina,
os pesquisadores deixaram que
seus roedores (tanto os que foram vacinados quanto o chamado grupo controle) comessem à vontade, embora a ração
administrada tivesse baixo teor
de gordura. E, sem medições
acuradas, alguém poderia até
ficar com a impressão de que a
estratégia fracassara: ambos os
grupos se alimentaram da mesma maneira, comendo quantidades semelhantes de ração.
Uma medição diária do peso
dos bichos, porém, mostrou
uma diferença profunda. Nos
grupos que receberam as duas
vacinas que funcionaram, o ganho de peso diário foi de apenas
0,5 grama, enquanto o grupo
controle e o que recebeu a vacina que se revelou inócua engordavam quase 2 g por dia. Ao que
tudo indica, nenhum efeito colateral acompanhou essa diferença de metabolismo entre os
roedores vacinados.
Apesar do sucesso, algumas
questões ainda precisam ser
solucionadas antes que a promissora vacina seja testada em
seres humanos. Um fator de esperança é que a redução dos níveis de grelina parece ter um
efeito especialmente potente
durante o consumo de uma dieta rica em gordura. Por outro
lado, há evidências de que, em
pessoas já obesas, o hormônio
aparece em baixa quantidade
-assim, talvez não adiante
muito cortá-lo nessas pessoas.
Com agências internacionais
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