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Sonda sentiu o gosto da água em Marte, diz Nasa
Espaçonave-robô Phoenix cozinhou gelo para fazer a análise química do solo
Experimento foi primeira evidência direta da presença da substância próxima à superfície do planeta; grupo estende missão em um mês
Nasa
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Braço da sonda Phoenix em ação no planeta Marte
DA REDAÇÃO
A Nasa afirmou ontem que a
sonda Phoenix conseguiu, finalmente, tocar e provar a água
de Marte. A notícia foi divulgada quando a agência espacial
dos EUA revelou os resultados
do teste feito com uma amostra
de solo escavada pela espaçonave robô perto do pólo Norte
do planeta, local onde havia
pousado em 25 de maio.
Evidências de água já haviam
sido recolhidas antes, mas a
confirmação direta só veio agora com o Tega (Analisador de
Gás Térmico e Expandido, em
inglês), instrumento que carrega um espectrômetro de massa
-dispositivo que a sonda usa
para fazer análises químicas.
Grosso modo, o que o Tega
faz é cozinhar amostras de solo
e medir a temperatura em que
os componentes do material
vão derretendo. Como parte do
composto aquecido cedeu
quando sua temperatura negativa subiu até 0C, os cientistas
concluíram que era mesmo
água -H2O- que havia lá.
Sabor e textura
"Temos água" anunciou William Boynton, um dos cientistas que coordenam a missão da
sonda Phoenix, em entrevista
coletiva ontem. "Já tínhamos
visto evidências desse gelo de
água antes, em observações da
[sonda] orbitadora Mars Odyssey e em pedaços [de material]
que desapareciam, observados
pela Phoenix no mês passado",
disse. "Mas essa é a primeira
vez que a água marciana é tocada e provada."
A agência espacial norte-americana aproveitou a confirmação da descoberta para
anunciar que a missão da sonda
será estendida até 30 de setembro. "A Phoenix está saudável e
as projeções para energia solar
parecem boas, então nós queremos aproveitar a vantagem de
fazer essa pesquisa em um dos
locais mais interessantes de
Marte", afirma Michael Meyer,
cientista-chefe do Programa de
Exploração de Marte da agência espacial.
Com o prolongamento das
observações e experimentos, os
cientistas da Nasa pretendem
aprofundar a importância dessa "prova científica" da ocorrência de água.
"Nós esperamos que seja
possível responder se essa é
uma zona habitável em Marte",
disse Peter Smith, um dos pesquisadores que coordenam a
missão da Phoenix.
A notícia do sucesso na confirmação da análise química da
água ajudou os cientistas a justificarem os gastos extra que a
missão terá em relação ao previsto. O orçamento original do
projeto é de cerca de US$ 420
milhões, e precisará de mais
US$ para completar o período
estimado de "horas extras".
Os pesquisadores planejam
escavar mais duas áreas próximas à sonda, que não é móvel
como os famosos jipes-robô
Spirit e Opportunity. Uma delas foi apelidada de "Terra do
Nunca", outra de "Armário".
Chance para a sorte
A confirmação da presença
de gelo na superfície de Marte
obtida no início da semana, foi
em parte, um pouco de sorte.
Desde que a sonda escavou
suas primeiras amostras, no
mês passado, os cientistas notaram a presença de um material branco no chão, dentro do
sulco escavado pela sonda para
coletar solo. Com o passar dos
dias, os pesquisadores perceberam que o material estava sumindo, e concluíram que ele
provavelmente era gelo de água
sublimando -passando diretamente do estado sólido para o
gasoso. A confirmação definitiva poderia surgir apenas com o
espectrômetro.
Após duas tentativas fracassadas de despejar amostras de
solo misturado à substância
branca suspeita em um dos oito
fornos da Phoenix, cientistas
decidiram então coletar uma
amostra sem o material. A intenção era analisar apenas a
areia marciana, e deixar o problema da água para depois.
Por acidente, porém, a amostra despejada dentro do espectrômetro tinha um pouco de
gelo, e quando o instrumento
começou a operar, a evidência
da substância apareceu.
A intenção agora é tentar
descobrir algo mais sobre o
passado geológico de Marte.
"Estamos querendo entender a
história do gelo, tentando descobrir se esse gelo alguma vez
derreteu, e por meio do derretimento criou um ambiente líquido que modificou o solo",
afirma Smith. "Estamos recebendo os dados."
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