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Abate de ave cria conflito entre biólogos
Punição a pesquisador com licença de coleta que matou guarás acidentalmente recebe críticas de ornitólogos
Governo do Paraná quer aplicar multa de R$ 50 milhões, e conselho local de biologia revê situação de cientista
DE SÃO PAULO
O abate acidental de dois
guarás -aves famosas por
sua bela cor rosada- colocou em conflito a comunidade brasileira de ornitólogos
contra a Secretaria de Meio
Ambiente e o Conselho Regional de Biologia do Paraná.
A situação de confronto teve início após o biólogo Louri
Klemann Jr., mestrando na
UFPR (Universidade Federal
do Paraná), voltar de Guaratuba com os animais mortos.
Tendo licença do Ibama
para coletar dois pássaros diferentes -o tapicuru-de-cara-pelada e o caraúna-de-cara-branca- o pesquisador
diz ter se confundido e abatido guarás. A aves abatidas
estão na lista de espécies
ameaçadas da região, apesar
de estarem se recuperando.
"Devido à distância com
que foram feitas as coletas, à
luminosidade desfavorável
durante a manhã daquele dia
(com a presença de névoa) e
à grande similaridade entre
os juvenis de guará e exemplares de caraúna-de-cara-branca, houve um erro de
identificação da espécie", escreveu o biólogo em ofício. O
documento foi entregue ao
Museu de Capão da Imbuia,
em Curitiba, instituição que
deveria receber as aves.
Os animais, porém, acabaram apreendidos pelo IAP
(Instituto Ambiental do Paraná), que apreendeu os animais. "O pesquisador também será autuado e a multa
poderá chegar a R$ 50 milhões", afirma comunicado.
A decisão provocou reação
da comunidade de ornitólogos. Cientistas dizem que
Klemann Jr. sofre perseguição ideológica por parte de
autoridades contrárias a prática da coleta em biologia. O
abate controlado de animais,
dizem, é crucial para estudar
a ecologia das espécies.
"Boa parte da política ambiental brasileira é planejada
com base na distribuição de
das espécies que ocorrem no
país", afirma Alexandre Aleixo, pesquisador do Museu
Goeldi, em documento emitido pela Sociedade Brasileira
de Ornitologia. E casos de coleta acidental, diz, não são
passíveis de multa, desde
que sejam notificados.
O Conselho Regional de
Biologia, que no início criticou Klemann Jr., está agora
apurando o caso para decidir
como agir.
(RAFAEL GARCIA)
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