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Líder dos céticos do clima muda de ideia
Bjorn Lomborg, mais famoso questionador do aquecimento global, agora pede US$ 100 bi para combatê-lo
O dinamarquês está lançando um livro em que analisa diferentes maneiras de controlar as mudanças climáticas
Suzanne Plunkett/Bloomberg News
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O estatístico e ex-cético Bjorn Lomborg na Copenhagen Business School, onde dá aulas
DE SÃO PAULO
O mais famoso cético do
aquecimento global, o dinamarquês Bjorn Lomborg, já
chamado pelos seus oponentes de "Hitler do clima", mudou de ideia. Ele disse ontem
ao jornal britânico "Guardian" que vai agora lutar
contra a mudança climática.
O estatístico, conhecido
mundialmente por negar a
importância do aquecimento
global e o barulho feito por
cientistas, ativistas e a imprensa em torno dele, vai
lançar um livro no próximo
mês pedindo dinheiro em nome da sua nova bandeira.
Na obra, ele e um grupo de
economistas analisaram oito
métodos de redução do aquecimento global e sugerem
que seja injetado dinheiro,
por exemplo, em energias
limpas como vento, ondas e
energia solar e nuclear.
O ex-cético não é exatamente modesto na hora de
pedir dinheiro: de acordo
com ele, serão necessários
cerca de US$ 100 bilhões por
ano para que as iniciativas
tragam resultados.
VIRA CASACA
A mudança de lado do professor dinamarquês nos recentes debates sobre o clima
foi uma surpresa para a comunidade científica.
Na obra que lhe deu projeção internacional ("O Ambientalista Cético"), e nas palestras e entrevistas que vieram depois dela, Lomborg
abusou da matemática para
mostrar que o controle do
aquecimento global seria
uma conta que não fechava.
Na sua opinião, o custo para combater o aquecimento
era alto demais quando comparado com o benefício de ter
um mundo "ligeiramente
menos quente no futuro".
Lomborg costumava defender que o ritmo do aquecimento e seus efeitos sobre as
pessoas estavam sendo exagerados pelos cientistas
"pró-clima" e pelo lobby dos
que se beneficiariam com investimentos pesados em
ações como limpar a matriz
enérgica, por exemplo.
Lomborg, no entanto, nega no "Guardian" que tenha
feito uma reviravolta. Ele disse que sempre aceitou a existência do efeito humano no
aquecimento global e que o
importante, agora, é ver onde se deve gastar dinheiro
para combatê-lo.
NA SÉRIE IPCC
O "episódio Lomborg"
aconteceu um dia depois de
um grupo de 12 cientistas independentes ter feito uma série de recomendações ao
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, na sigla em inglês).
De acordo com os cientistas -que incluem um brasileiro, o físico Carlos Henrique
de Brito Cruz-, o painel do
clima precisa passar por mudanças na sua gestão e na coleta de informações.
Um dos pontos nevrálgicos do IPCC que levaram à revisão independente foi a afirmação de que as geleiras do
Himalaia desapareceriam
em 2035, muito antes do que
outras fontes sugerem.
Lomborg bateu nessa tecla
anteriormente, quando ainda era cético do clima. Ele
afirmou que a matemática do
degelo estava errada e que,
mesmo que o degelo ocorresse, isso poderia ser benéfico,
pois aumentaria a quantidade de água disponível no verão para a China e Índia.
O dinamarquês pretende
continuar criticando as contas do Himalaia. Mas, agora,
sem desprezar as recomendações do IPCC.
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