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Desmatamento pode ter queda histórica
Dados do governo e de ONG sugerem menor índice desde que medições por satélite começaram na Amazônia
Diminuição do desmate
também seria primeira
em um ano de eleições;
falta confirmação de
sistema mais preciso
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Pela primeira vez na história deste país, o desmatamento na Amazônia deve ter
queda em um ano eleitoral,
no qual as medidas de fiscalização tradicionalmente são
mais frouxas.
Os dois sistemas de monitoramento rápido da floresta
por satélite, um do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) e outro da ONG de
pesquisas Imazon, mostraram reduções na taxa de devastação em 2010 em comparação com 2009 -de 48% e
16%, respectivamente.
Embora pouco precisos
(por detectarem apenas desmatamentos de médio porte), ambos apontam para
uma taxa oficial, neste ano,
menor que os 7.464 km2 do
ano passado -a menor registrada desde que o início das
medições do Inpe, em 1988.
"Acho que vai ser menos
de 7.000 km2", diz Adalberto
Veríssimo, do Imazon, sobre
os números finais, a serem
divulgados em novembro pelo Prodes, do Inpe.
O Imazon vinha apostando que o desmatamento em
2010 seria maior que o de
2009, que é um ano eleitoral
e mais seco que a média.
Mas o mês de julho surpreendeu, com uma queda
forte no desmate que puxou
para baixo a série anual.
"MENOR DO MENOR"
"Foi o menor do menor",
disse ontem a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente),
em relação ao número anual
do sistema Deter, do Inpe.
Entre agosto de 2009 e julho deste ano, o Deter enxergou 2.294 km2 desmatados na
Amazônia, contra 4.372,8
km2 no mesmo período anterior. "Isso nos deixa muito
otimistas para o anúncio do
Prodes no fim do ano", diz.
O pesquisador Dalton Valeriano, coordenador do Prodes, é mais sóbrio.
Ele lembra que o padrão
dos desmatamentos na Amazônia mudou: hoje pelo menos 75% das derrubadas correspondem a áreas com menos que 50 hectares.
Como o limite de detecção
do Deter é 25 hectares, é provável que a maior parte do
desmatamento seja invisível.
"Tenho esperança de que
reduza [em relação a 2009],
mas prefiro ficar no lado da
precaução", diz Valeriano.
O desmate neste ano se
concentrou nas áreas em torno das rodovias BR-163 e da
Transamazônica, no Pará,
em Rondônia e no sudeste do
Amazonas. O Estado contrariou a tendência da maioria
da região e fechou 2010 com
devastação em alta, segundo
os dados do Deter.
Também pela primeira
vez, o Imazon admitiu que as
ações do governo na região
têm sido determinantes no
controle da devastação.
Especialmente importante
foi o decreto presidencial, seguido da resolução do Conselho Monetário Nacional de
2008, que corta crédito para
desmatadores. A manutenção do decreto, após reação
dos produtores rurais, custou a Marina Silva o cargo de
ministra do Meio Ambiente.
As medidas foram mantidas e ampliadas pelo substituto de Marina no ministério,
Carlos Minc. O governo baixou uma "lista suja" de 36
municípios críticos, depois
ampliada para um total de
43. Segundo o Imazon, 23
desses municípios tiveram
queda expressiva do desmatamento neste ano.
"Éramos uma voz dissonante, mas, falando com as
pessoas que desmatam, vimos que as medidas tiveram
efeito", diz Veríssimo.
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