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Em 36 horas, fogo devora 83% de parque
DE BRASÍLIA
O drama das queimadas
de agosto no Brasil ainda não
se resolveu, mas sua maior
vítima está clara: o cerrado.
Dados divulgados ontem
pelo Ibama mostram que, em
apenas 36 horas, no dia 13, o
fogo consumiu 83% dos 133
mil ha do Parque Nacional
das Emas, em Goiás.
No Parque Nacional do
Araguaia, em Tocantins, foram registrados 4.875 focos
de calor no mês passado, e
mais de 150 brigadistas ainda
lutam contra o fogo.
Outra unidade de conservação importante do bioma,
o Parque da Serra da Canastra (MG), só teve seus incêndios controlados ontem.
O cerrado é particularmente vulnerável a incêndios criminosos por ser uma vegetação aberta. Embora queime
periodicamente, os incêndios naturais no bioma são
causados por raios, já no início da estação chuvosa, e são
contidos cedo pela água.
A fauna destruída por
grandes incêndios pode levar décadas para se refazer.
"É a maior perda que tivemos até agora", disse a ministra Izabella Teixeira (Meio
Ambiente) sobre a situação
do parque das Emas.
O parque é importante
porque o cerrado é um "hotspot" de biodiversidade, ou
seja, concentra um grande
número de espécies ameaçadas que não ocorrem em nenhuma outra parte.
Além disso, Emas abriga
várias populações de animais de grande porte, como
tamanduás-bandeira, porcos-do-mato e onças.
Segundo Christian Berlinck, coordenador de Emergências Ambientais do Instituto Chico Mendes, esse é
provavelmente o incêndio
mais grave em uma unidade
de conservação em uma década -o anterior foi no próprio parque das Emas.
Os fogos foram iniciados
em fazendas no entorno do
parque e rapidamente espalhados na área pelo vento.
"Como no ano passado choveu muito, as gramíneas
cresceram e houve grande
acúmulo de biomassa", disse
Berlinck. Aliado à secura, isso criou uma "tempestade
perfeita" para o fogo.
Agora, as duas equipes do
Instituto Chico Mendes que
estão no local precisam lidar
com outro problema: os caçadores. Com a rebrota da vegetação após o fogo, veados e
outros bichos começam a
voltar às áreas queimadas,
onde são alvo fácil.
O resultado da perícia que
apontará os responsáveis deve sair nesta semana, afirmou Berlinck. Se condenados, eles podem pegar até
quatro anos de cadeia.
(CA)
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