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Rússia e França vão ajudar Brasil em projeto de satélite
Governo diz que não vai comprar tecnologia estrangeira para construção de nave estratégica de R$ 600 milhões
Ambos os países querem
vender tecnologia para
satélite geoestacionário ao
Brasil; segundo agência,
programa será nacional
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
As agências espaciais russa
(Roskosmos) e francesa
(CNES) estão ajudando o Brasil
a desenvolver o projeto do seu
satélite geoestacionário.
De acordo com a AEB (Agência Espacial Brasileira), a cooperação tem caráter de consultoria e não prevê a compra pelo
Brasil de tecnologia de nenhum
dos dois parceiros.
O diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da
AEB, Thyrso Villela, disse que
os acordos prevêem ajuda aos
técnicos brasileiros na definição do modelo e nas configurações do satélite geoestacionário. A cooperação dos franceses
foi acertada em junho. Com os
russos, foi assinada neste mês.
Os dois grupos vão trabalhar de
maneira separada.
"O que nós queremos é aproveitar ao máximo a experiência
desses países para nos ajudar a
ter a melhor configuração possível [do satélite], com a melhor
relação custo/benefício e que
atenda efetivamente às demandas do país", disse Villela.
Satélites geoestacionários giram na mesma velocidade do
planeta e, por isso, ficam parados sobre um mesmo ponto.
Esse é um tipo estratégico de
tecnologia, porque permite,
por exemplo, a captura ininterrupta de imagens sobre uma
mesma região da Terra.
O Brasil já teve um satélite
geoestacionário, utilizado para
telecomunicações e fabricado
fora do país. Mas perdeu o controle sobre ele depois da venda
da Embratel, no governo FHC.
Hoje, o país depende do aluguel
de satélites, inclusive para as
comunicações militares.
No início da década, o Brasil
fez um projeto preliminar que
apontou para a necessidade de
o país ter "no mínimo dois, talvez três" desses satélites, de
acordo com Villela. O novo projeto deverá ser o primeiro satélite geoestacionário com tecnologia nacional, algo que países
como a Índia já têm.
Em uma reunião marcada
para dezembro, AEB, ministérios e a Aeronáutica devem definir quais missões serão cumpridas pelos equipamentos.
Entre as prioridades estão a comunicação militar e o controle
do tráfego aéreo.
A expectativa é que o projeto
esteja pronto até junho de
2009. Segundo Villela, se cumprido o cronograma, é possível
que o satélite seja construído
num prazo de até cinco anos.
O estudo preliminar apontou
custo total aproximado de R$
600 milhões. O valor depende
da configuração dos satélites.
Villela admite que o Brasil
não tem condições de construir
alguns equipamentos, como
aqueles que vão fazer o satélite
funcionar por vários anos no
espaço e os de controle de atitude e órbita. Mas afirma que o
país não se comprometeu nos
acordos a comprar a tecnologia
de qualquer dos dois parceiros.
Em fevereiro, a Folha publicou reportagem sobre negociações sigilosas entre o ministro
Nelson Jobim (Defesa), e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, envolvendo o projeto do
satélite geoestacionário. Os
franceses querem vender a tecnologia aos brasileiros.
A Rússia também quer vender esse tipo de tecnologia ao
país. Em 2006, a Roskosmos
chegou a dizer que o "desconto" de US$ 10 milhões na "passagem" do astronauta brasileiro Marcos Pontes para a Estação Espacial Internacional a
bordo de uma nave russa tinha
interesse comercial.
Em dezembro, Sarkozy virá
ao Brasil para fechar parcerias
com o governo que prevêem
transferência de tecnologia.
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