|
Texto Anterior | Índice
Meta de CO2 é "populismo", diz ruralista
Às vésperas da cúpula de Copenhague, senadora Kátia Abreu defende anistia imediata a desmatamento ilegal feito até 2006
Derrubada é maior fator de emissões do Brasil; reunião no Senado discute votação em urgência de projeto que enfraquece Código Florestal
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a senadora
Kátia Abreu (DEM-TO) classificou ontem de "populismo infantil" as metas de redução de
emissão de gases de efeito estufa anunciadas pelo governo. Às
vésperas da conferência do clima de Copenhague, a senadora
defende a imediata anistia aos
produtores rurais que desmataram acima do limite legal.
A votação em regime de urgência de nova proposta de mudança no Código Florestal será
tema de reunião na liderança
do governo no Senado hoje. A
lei proíbe que proprietários rurais desmatem uma parcela entre 20% e 80% de suas terras,
dependendo da região do país.
A CNA calcula em R$ 425 bilhões o custo para recuperar
áreas de reserva legal que foram desmatadas. O valor equivale a 15% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
"Não é razoável replantar
áreas ocupadas hoje pela produção de alimentos; não dá para falar na questão ambiental
sem dizer quanto custa", insistiu a senadora. "O presidente
Lula anunciou as metas [de redução das emissões de gases],
mas ninguém sabe quanto custa; é uma irresponsabilidade, é
populismo infantil, é querer
competir com o [Barack] Obama", classificou.
A cobrança de multas aos
produtores que não registraram a área de reserva legal de
suas propriedades deverá ser
adiada até 2011 por Luiz Inácio
Lula da Silva. O decreto presidencial entraria em vigor no
próximo dia 11. Mas o novo
adiamento do início das punições não basta, argumenta a senadora, diante de decisões recentes da Justiça contrárias aos
desmatadores.
A proposta que a CNA tentará aprovar no Congresso prevê
anistia a quem desmatou até
2006, autoriza a recomposição
de áreas sensíveis, como margens de rios, com espécies exóticas e prevê "desmatamento
zero" a partir de agora na Amazônia e na Mata Atlântica.
Para o produtor que desmatar nesses dois biomas, a punição prevista no projeto é a mesma já fixada pela Lei de Crimes
Ambientais, de um a três anos
de reclusão -e que não tem desestimulado a derrubada. O
proprietário perderia também
a anistia ao desmate passado.
A redução do desmatamento
contribui com a maior parcela
do corte de emissões com que o
governo Lula se comprometeu.
De acordo com o mais recente
inventário oficial das emissões,
o uso do solo foi responsável
por mais de 57% dos gases de
efeito estufa que o país lançou
na atmosfera em 2005.
Kátia Abreu acredita poder
contar com o apoio do presidente para o projeto: "Eu acho
que ele [Lula] sanciona, porque
estamos propondo desmatamento zero". A proposta não
inclui o cerrado, foco de expansão da agropecuária, cujo desmatamento emite tanto CO2
quanto o da Amazônia.
Texto Anterior: Antártida: Navios voltam para estação brasileira até o fim da semana Índice
|