São Paulo, domingo, 02 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Dupla "resgata" o 1º réptil voador brasileiro

Dentes da criatura, coletados na Bahia no século 19, estiveram sumidos em Londres

France Presse
Recriação digital de pterossauro que lembra o do Brasil

DO EDITOR DE CIÊNCIA

Nas gavetas do Museu de História Natural de Londres, uma dupla de pesquisadores brasileiros conseguiu resgatar uma das mais antigas descobertas paleontológicas do país -e a memória de uma velha lambança científica.
Tratam-se de dois dentes de pterossauro -um réptil alado da Era dos Dinossauros. O que sobrou do bicho foi coletado na Bahia por Joseph Mawson no fim do século 19. Os restos foram, mais tarde, descritos pelo paleontólogo britânico Arthur Smith Woodward (1864-1944). É o primeiro pterossauro descoberto na América do Sul.
Os fósseis ficaram esquecidos no museu londrino até serem encontrados de novo em 2007. Agora, os paleontólogos Taissa Rodrigues e Alexander Kellner, do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), conseguiram reexaminar os dentes e publicar os resultados na "Revista Brasileira de Paleontologia".
Rodrigues e Kellner, especialistas em pterossauros, apostam que os dentes pertencem a um parente dos célebres membros do gênero Anhanguera, já com várias espécies identificadas nas rochas da chapada do Araripe (CE). Eles chegavam a ter 4 m de uma ponta à outra das asas -tão grandes quanto as maiores aves vivas, digamos.
Os detalhes dos dentes não são suficientes para dizer se pertenciam a uma espécie ainda desconhecida.
Os paleontólogos brasileiros também mostram, no estudo, que Woodward havia se confundido feio ao examinar e descrever outros fósseis baianos em 1891. Ele havia dito que os ossos pertenciam a um pterossauro, mas eles, na verdade, eram de um celacanto -peixe relativamente próximo dos vertebrados terrestre, de cujo grupo ainda há espécies vivas.
Coincidência ou não, isso talvez indique certa propensão do britânico a comprar gato por lebre. Anos depois, ele seria enganado pela fraude do chamado homem de Piltdown, suposto ancestral do ser humano que, na verdade, foi forjado.(RJL)


Texto Anterior: Luta por mulheres moldou os homens
Próximo Texto: Marcelo Gleiser: Cosmos versus caos
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.