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Estudo consegue "desligar" o transmissor da gordura
Técnica fez tecido adiposo diminuir e depois crescer em outra parte do corpo
Menos obesos, os animais
de laboratório tiveram uma
melhora em todos os seus
índices de saúde, inclusive
nas taxas da diabetes
DA REDAÇÃO
Os pesquisadores já sabiam
que um tipo específico de neurotransmissor é bastante ligado ao apetite, ao ganho de peso
e a obesidade. Mas agora, além
disso, eles conseguiram manipular essa substância, o que pode ter sérias implicações terapêuticas no futuro.
"Nós não sabemos se a nossa
descoberta poderá ser usada
para controlar a obesidade como um todo, mas para refazer
as formas do corpo, por meio da
retirada ou até da colocação de
bolsas de gordura, ela poderá
ser muito boa", explica Zofia
Zukowska, do Centro Médico
da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.
Todos os estudos feito com o
neurotransmissor chamado de
neuropeptídeo Y, ou apenas
NPY, ocorreram em laboratório e em camundongos, mas isso não tira o otimismo dos autores da pesquisa.
"A manipulação do NPY permite o desenvolvimento de
uma nova ferramenta para os
cirurgiões plásticos", explica
Zukowska. "Será possível retirar gordura das nádegas e colocá-la, depois, nos seios ou nas
bochechas", disse a autora do
estudo, publicado ontem na revista "Nature Medicine".
Como o NPY é um dos responsáveis por tornar determinados tipos de gordura mais
perigosos que outros, o bloqueio dessa via química deveria
dar um resultado positivo para
a saúde em termos gerais.
E foi exatamente isso que os
pesquisadores conseguiram
mostrar. No caso dos camundongos, quando uma droga que
bloqueia a transmissão do NPY
foi injetada no organismo deles, a perda de gordura ao redor
do abdômen chegou aos 40%.
Junto com isso, os índices de
diabetes, por exemplo, que antes estavam altos, caíram.
"Houve um profundo efeito
em todo o metabolismo do animal", explica Zukowska.
No estudo, os camundongos
também foram estressados pelos pesquisadores, que quiseram com isso simular a vida cotidiana dos seres humanos. Os
animais mais nervosos, alimentados com uma dieta rica em
gordura, a típica alimentação
americana, segundo os cientistas, produziram muito mais
NPY, do que os animais também estressados, mas alimentados com uma dieta "diet".
Pílula de gordura
A manipulação do NPY também foi feita com o objetivo
oposto. Ou seja, além de diminuir gordura, os cientistas ainda conseguiram criá-la.
Nesse caso, em vez dos camundongos, as bolsas naturais
de gordura surgiram sob a pele
de macacos.
Depois de colocar pílulas de
NPY nos símios, os cientistas
observaram o crescimento de
bolsas de gordura ao redor das
cápsulas. Para os pesquisadores, isso poderá ser usado, no
futuro, para a reposição da gordura que se perde ao longo da
idade, principalmente na região do rosto.
A própria pesquisadora autora do estudo lembra que existem várias clínicas espalhadas
pelo mundo que vendem essa
reposição, mas ela não tem nada a ver com a descoberta
anunciada ontem.
"Hoje, a técnica usada pelos
médicos é baseada em certos tipos de ácido, que além de matar
os tecidos, pode causar infecção", esclarece a cientista.
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