São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Estudo consegue "desligar" o transmissor da gordura

Técnica fez tecido adiposo diminuir e depois crescer em outra parte do corpo

Menos obesos, os animais de laboratório tiveram uma melhora em todos os seus índices de saúde, inclusive nas taxas da diabetes

DA REDAÇÃO

Os pesquisadores já sabiam que um tipo específico de neurotransmissor é bastante ligado ao apetite, ao ganho de peso e a obesidade. Mas agora, além disso, eles conseguiram manipular essa substância, o que pode ter sérias implicações terapêuticas no futuro.
"Nós não sabemos se a nossa descoberta poderá ser usada para controlar a obesidade como um todo, mas para refazer as formas do corpo, por meio da retirada ou até da colocação de bolsas de gordura, ela poderá ser muito boa", explica Zofia Zukowska, do Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.
Todos os estudos feito com o neurotransmissor chamado de neuropeptídeo Y, ou apenas NPY, ocorreram em laboratório e em camundongos, mas isso não tira o otimismo dos autores da pesquisa.
"A manipulação do NPY permite o desenvolvimento de uma nova ferramenta para os cirurgiões plásticos", explica Zukowska. "Será possível retirar gordura das nádegas e colocá-la, depois, nos seios ou nas bochechas", disse a autora do estudo, publicado ontem na revista "Nature Medicine".
Como o NPY é um dos responsáveis por tornar determinados tipos de gordura mais perigosos que outros, o bloqueio dessa via química deveria dar um resultado positivo para a saúde em termos gerais.
E foi exatamente isso que os pesquisadores conseguiram mostrar. No caso dos camundongos, quando uma droga que bloqueia a transmissão do NPY foi injetada no organismo deles, a perda de gordura ao redor do abdômen chegou aos 40%. Junto com isso, os índices de diabetes, por exemplo, que antes estavam altos, caíram.
"Houve um profundo efeito em todo o metabolismo do animal", explica Zukowska.
No estudo, os camundongos também foram estressados pelos pesquisadores, que quiseram com isso simular a vida cotidiana dos seres humanos. Os animais mais nervosos, alimentados com uma dieta rica em gordura, a típica alimentação americana, segundo os cientistas, produziram muito mais NPY, do que os animais também estressados, mas alimentados com uma dieta "diet".

Pílula de gordura
A manipulação do NPY também foi feita com o objetivo oposto. Ou seja, além de diminuir gordura, os cientistas ainda conseguiram criá-la.
Nesse caso, em vez dos camundongos, as bolsas naturais de gordura surgiram sob a pele de macacos.
Depois de colocar pílulas de NPY nos símios, os cientistas observaram o crescimento de bolsas de gordura ao redor das cápsulas. Para os pesquisadores, isso poderá ser usado, no futuro, para a reposição da gordura que se perde ao longo da idade, principalmente na região do rosto.
A própria pesquisadora autora do estudo lembra que existem várias clínicas espalhadas pelo mundo que vendem essa reposição, mas ela não tem nada a ver com a descoberta anunciada ontem.
"Hoje, a técnica usada pelos médicos é baseada em certos tipos de ácido, que além de matar os tecidos, pode causar infecção", esclarece a cientista.


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