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Grupo defende manipular a Terra contra aquecimento
Royal Society britânica diz que resfriamento artificial da Terra pode ser plano B se o novo acordo do clima falhar
Documento avaliou ideias para capturar CO2 do ar ou bloquear radiação solar; viabilidade e impacto ainda não são bem estimados
DA REPORTAGEM LOCAL
A viabilidade de estratégias
artificiais para resfriar o planeta ainda está longe de ser bem
conhecida, mas a ciência não
deve abandonar de todo esses
recursos no combate ao aquecimento global, diz a maior associação acadêmica da Europa.
Em um relatório publicado ontem, a Royal Society pediu ao
governo britânico para bancar
um programa de 10 bilhões
anuais a fim de resolver dúvidas sobre o uso de técnicas da
chamada geoengenharia.
O termo se refere à manipulação da atmosfera e da superfície da Terra para contrabalançar as emissões de gases do
efeito estufa. São propostas como o lançamento maciço de aerossol na estratosfera terrestre
para refletir o calor solar para o
espaço antes que ele chegue
aqui em baixo. Ou pintar de
branco todos os telhados e ruas
do mundo para evitar que o
planeta absorva muito calor.
Abarcando algumas ideias
mais mirabolantes que outras,
a geoengenharia é considerada
um delírio tecnológico por
muitos cientistas. Não sem razão. Nenhuma proposta do tipo, por enquanto, é tão viável
quanto a negociação de um
acordo global para cortar as
emissões de CO2 -solução tecnicamente simples, ainda que
politicamente complexa.
Uma coisa não exclui a outra,
porém, afirma o relatório da
Royal Society, produzido por
uma equipe de mais de 20 cientistas de ponta liderados por
John Shepherd, da Universidade de Southampton.
"Há um sério risco de as
ações de mitigação não serem
introduzidas suficientemente e
em tempo", diz o relatório. "A
menos que os esforços futuros
para reduzir emissões de gases-estufa sejam muito mais bem
sucedidos do que aqueles feitos
até agora, ações adicionais poderão ser necessárias para resfriar a Terra neste século."
O grupo da Royal Society, porém, reconhece que as ideias
para tal ainda são cruas.
"A geoengenharia do clima
terrestre muito provavelmente
é tecnicamente possível", continua o documento. "Contudo,
a tecnologia para isso mal se
formou, e há grandes incerteza
a respeito de eficácia, custo e
impactos ambientais."
O relatório divide as ideias
vigentes em dois grupos. O primeiro consiste em técnicas para sequestrar CO2 do ar, potencializando os cortes de emissões. O segundo grupo engloba
estratégias para reduzir a absorção de radiação solar.
Se a geoengenharia for necessária um dia, diz o documento, as técnicas do primeiro
grupo são preferíveis, porque
também ajudam a combater a
acidificação dos oceanos, outro
efeito nocivo do CO2. Elas seriam uma gambiarra meteorológica que não afetaria tanto o
sistema climático da Terra.
As técnicas do segundo grupo, porém, têm o potencial de
provocar um resfriamento
mais rápido da Terra, e numa
situação de emergência global,
poderiam ser adotadas por períodos curtos de tempo.
Muitas propostas de uso da
geoengenharia, porém, também precisariam de acordos
internacionais para serem adotadas, e a Royal Society diz que
fatores políticos devem ser
considerados nos estudos.
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