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GEOLOGIA
Fósseis seriam de micróbios fotossintetizantes
Rocha sul-africana tem evidência de ser vivo com 3,4 bilhões de anos
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A existência da vida na Terra há
3,4 bilhões de anos ganhou novas
evidências, que não só tendem a
pôr de lado contestações anteriores, como também dão novas pistas de como eram os prováveis
ancestrais de todos seres vivos.
Especulava-se que a vida já estivesse presente no planeta então
graças ao estudo de rochas da
Austrália, que tinham estruturas
que pareciam ser de microfósseis
-restos de antigos micróbios.
Mas alguns cientistas sugeriram
outra explicação para esses restos
nas rochas: seriam evidência de
algo anterior à vida, prova de reações químicas que, sabe-se lá, seriam precursoras do que se conhece como tal. Mas que ainda
não eram vida propriamente.
Para haver vida, é preciso que
um ser tenha metabolismo e seja
capaz de existir isolado do ambiente, de crescer e de se replicar.
As duas teorias eram excludentes. Ou haveria apenas uma primitiva sopa de substâncias, ou já
havia modernos micróbios, na
forma de bactérias capazes de
produzir oxigênio pelo mesmo
processo que as plantas, a fotossíntese (uso da energia do Sol
-da luz solar- pelas células para suprir suas necessidades).
Michael M. Tice, da Universidade Stanford, Califórnia (oeste dos
EUA), e Nicholas Beukes, da Universidade Rand Afrikaans (África
do Sul), relataram na revista científica britânica "Nature" (www.nature.com) uma idéia alternativa.
Eles estudaram rochas sul-africanas tão antigas quanto as australianas. Mostraram provas de
que a matéria orgânica ali presente é de origem biológica. Com
uma diferença importante: os antigos micróbios também faziam
fotossíntese, mas não tinham o
oxigênio como subproduto.
As rochas sedimentares estudadas não têm condição de preservar matéria orgânica, pois foram
muito aquecidas no passado. Mas
sobraram estruturas fossilizadas,
cuja forma deu aos cientistas a
pista de sua origem biológica.
Não é só a forma, mas também
o modo como as estruturas estão
distribuídas nas rochas, indicam
vida. Os fósseis de micróbios formam camadas, "tapetes" sobre as
rochas, alguns dos quais presentes apenas em profundidades nas
quais a luz penetra, indicando
existência de fotossíntese.
O estudo abre caminhos para
estudos mais detalhados das condições da vida primitiva na Terra.
Falta explicar melhor como surgiram seres fotossintetizantes produtores de oxigênio. Eles foram a
condição para uma mudança radical na atmosfera, que permitiu
surgirem seres que respiram esse
gás -de micróbios a sapos, de dinossauros a seres humanos.
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