São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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Laboratório de R$ 90 mi estudará materiais em SP

Iniciativa em parceria entre Embraer e governos pesquisará estruturas leves

Com construção prevista no parque tecnológico de São José dos Campos, projeto é voltado para aplicações em aviação e indústria de ponta

Divulgação
Fachada das instalações do parque tecnológico de São José dos Campos, interior de São Paulo

EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Uma parceria entre a montadora de aviões Embraer e diversas agências de fomento estatais anunciou ontem o projeto de um novo laboratório que, com aporte de R$ 90 milhões, pesquisará materiais leves. O objetivo, em última análise, é criar tecnologia para que as aeronaves se tornem mais confortáveis e econômicas.
O centro de pesquisa deve começar a funcionar até o fim do ano no parque tecnológico de São José dos Campos (SP), área especial concebida para estimular a inovação no Estado.
A construção do novo laboratório, orçada em R$ 44,2 milhões, terá a conta dividida entre BNDES (R$ 27,6 milhões), Finep, Financiadora de Estudos e Projetos (R$ 8,3 milhões) e instituições públicas paulistas (R$ 8,3 milhões). A maior parte da execução de projetos (R$ 46,3 milhões) será paga pela Embraer. Devem ser contratados 22 pesquisadores.
Segundo o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), também parceiro da iniciativa, quatro linhas de pesquisa vão inaugurar o centro. São duas em estruturas metálicas aeronáuticas, uma em plástico reforçado (resinas e fibras plásticas ou naturais) e uma em laminação (chapas metálicas).
Ontem, na cerimônia de inauguração do laboratório, autoridades públicas se empenharam em demonstrar que o novo laboratório -construído em terreno do município e com recursos a fundo perdido- não servirá só à indústria aeronáutica nem será usado com exclusividade pela Embraer.
"Várias dessas tecnologias interessam a outro setores. Por exemplo, tubos de grande flexibilidade para extração de petróleo com alta temperatura em grande profundidade, o que colocaria a Petrobras como uma potencial usuária", disse à Folha Luciano Coutinho, presidente do BNDES.
O mesmo, segundo ele, vale para o setor ferroviário. "Se nós viermos a desenvolver tecnologia para o trem de alta velocidade entre Campinas e Rio ou São Paulo e Rio, o desenvolvimento de estruturas leves metálicas em alumínio necessitará do suporte desse laboratório."
O parque tecnológico de São José dos Campos, entre os 14 em implantação pelo governo do Estado, é o mais adiantado. Mas ele não está livre de problemas. Segundo Marco Antonio Raupp, diretor do parque e presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a gestão do local ainda esbarra em entraves legais.
A área não deveria ser dirigida pela prefeitura, diz Raupp, mas por uma organização não atrelada a governos ou empresas para dar agilidade e independência às decisões.
"Nós repassamos os recursos para a prefeitura porque há algumas interpretações distintas da Lei de Inovação, que é nova", disse Vahan Agopyan, da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.


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