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CLIMA
Metas de Kyoto são descumpridas principalmente em países ricos, onde queima de combustíveis fósseis lidera alta de 17%
Emissão de gases volta a crescer, diz ONU
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Depois de encolher ligeiramente nos anos 90, a emissão dos gases que provocam o efeito estufa
voltará a crescer nesta década. A
previsão é da ONU, e o cenário
que desenha é pessimista: o aumento nos países industrializados
pode chegar a 10% em 2010.
Feito a partir de dados fornecidos pelos próprios governos nacionais, o cálculo indica um largo
fracasso dos países que deveriam
reduzir suas emissões nesta década, segundo determinado pelo
Protocolo de Kyoto. Os países desenvolvidos deveriam diminuir
suas emissões em 5% até 2012.
A meta vale para um conjunto
de países da parte rica do globo
(América do Norte, Japão e Europa Ocidental) e nações não tão desenvolvidas, como as do Leste Europeu. Nem todos signatários, porém, ratificaram o tratado -caso
dos EUA e da Austrália.
Os EUA passaram longe da meta estabelecida para o período de
1990 a 2000, que era a de manter
as emissões no mesmo nível do
início da década. O país aumentou em 14% sua contribuição ao
efeito estufa (aquecimento da atmosfera pela retenção de radiação
solar sob um cobertor de gases).
Também não tiveram bons resultados na década passada o Canadá (crescimento de 20%), a
Austrália (18%) e o Japão (11%).
Ainda assim, houve decréscimo
de 3% nas emissões globais, assegurado pelo bloco europeu. O impulso veio tanto por sua fatia desenvolvida (a União Européia,
que reduziu sua produção em
3,5%) quanto pelos países chamados pela ONU de "em transição"
(o Leste Europeu e os membros
da antiga União Soviética, que,
em crise econômica, reduziram
sua contribuição em 37%).
Além disso, a previsão segue
ruim para a parcela mais desenvolvida do planeta. O relatório
prevê que o bloco comandado
EUA, Europa e Japão aumente em
17% suas emissões até 2010 -em
relação ao nível de 2000.
Os números fazem parte de um
texto que servirá de base para as
discussões do braço da ONU para
o tema, a chamada Convenção sobre Mudança do Clima, que inicia
hoje reunião de duas semanas em
Bonn, Alemanha.
"Essas descobertas demonstram claramente que políticas
mais fortes e mais criativas serão
necessárias para acelerar o uso de
tecnologias favoráveis ao clima e
para persuadir empresários, governos e cidadãos a cortar suas
emissões dos gases do efeito estufa", disse Joke Waller Hunter, secretária-geral da entidade.
A queima de combustíveis continua sendo a maior responsável
pelos gases-estufa. Sua participação no volume total passou de
78% para 80% nos anos 90.
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