São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Dolly, o primeiro clone, faria dez anos amanhã

Ovelha clonada morreu com doença de "idosos"

DA FRANCE PRESSE

Se estivesse viva, a ovelha mais famosa do mundo completaria amanhã dez anos sob o signo da polêmica. Dolly foi o primeiro mamífero a vir ao mundo por meio da clonagem, técnica que ainda provoca temores e esperanças.
A equipe do Instituto Roslin (Escócia, Reino Unido) que foi responsável pela criação do animal em seus laboratórios só anunciou o feito em 23 de fevereiro de 1997.
O papel de líder na pesquisa sempre foi atribuído a Ian Wilmut, mas, neste ano, o pesquisador declarou num tribunal que não merece a maior parte do crédito dado a ele. Segundo Wilmut, o principal responsável pela façanha seria seu colega Keith Campbell. A revelação gerou debates sobre como o crédito por uma descoberta é distribuído entre os cientistas.
A verdadeira polêmica, no entanto, ainda cerca a clonagem em si. O grande feito de Wilmut, Campbell e companhia foi extrair o DNA de uma célula adulta, inseri-lo num óvulo sem material genético e fazê-lo "pensar" que tinha passado por uma fecundação normal. O DNA adulto sofreu uma reprogramação radical e, para todos os efeitos, voltou a ser o de um embrião de uma célula só. Foram necessários 270 óvulos para obter um nascimento.
Tamanha ineficiência continua sendo um problema. O procedimento prometia ser uma ferramenta importante para recriar animais de alta qualidade ou ajudar a recuperar espécies à beira da extinção, mas a reprogramação do DNA ainda é basicamente uma loteria.
Por isso, muitos dos clones nem chegam a nascer -sofrem de deformidades e gigantismo, com grave risco às "mães de aluguel". Mesmo os animais que nascem saudáveis são, mais tarde, afetados por doenças que seriam mais comuns entre indivíduos idosos (Dolly, por exemplo, tinha artrite).
Por essas razões técnicas e, em muitos casos, também por motivos éticos, a imensa maioria dos cientistas se opõe às tentativas de clonar seres humanos. Eles propõem a clonagem terapêutica, na qual um embrião clonado de poucos dias de vida seria fonte de células para reconstruir órgãos sem risco de rejeição.
Dolly morreu de uma infecção pulmonar em 14 de fevereiro de 2003, vivendo mais ou menos a metade da expectativa de vida de uma ovelha normal.


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