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Dolly, o primeiro clone, faria dez anos amanhã
Ovelha clonada morreu com doença de "idosos"
DA FRANCE PRESSE
Se estivesse viva, a ovelha
mais famosa do mundo completaria amanhã dez anos sob o
signo da polêmica. Dolly foi o
primeiro mamífero a vir ao
mundo por meio da clonagem,
técnica que ainda provoca temores e esperanças.
A equipe do Instituto Roslin
(Escócia, Reino Unido) que foi
responsável pela criação do
animal em seus laboratórios só
anunciou o feito em 23 de fevereiro de 1997.
O papel de líder na pesquisa
sempre foi atribuído a Ian Wilmut, mas, neste ano, o pesquisador declarou num tribunal
que não merece a maior parte
do crédito dado a ele. Segundo
Wilmut, o principal responsável pela façanha seria seu colega Keith Campbell. A revelação
gerou debates sobre como o
crédito por uma descoberta é
distribuído entre os cientistas.
A verdadeira polêmica, no
entanto, ainda cerca a clonagem em si. O grande feito de
Wilmut, Campbell e companhia foi extrair o DNA de uma
célula adulta, inseri-lo num
óvulo sem material genético e
fazê-lo "pensar" que tinha passado por uma fecundação normal. O DNA adulto sofreu uma
reprogramação radical e, para
todos os efeitos, voltou a ser o
de um embrião de uma célula
só. Foram necessários 270 óvulos para obter um nascimento.
Tamanha ineficiência continua sendo um problema. O procedimento prometia ser uma
ferramenta importante para
recriar animais de alta qualidade ou ajudar a recuperar espécies à beira da extinção, mas a
reprogramação do DNA ainda é
basicamente uma loteria.
Por isso, muitos dos clones
nem chegam a nascer -sofrem
de deformidades e gigantismo,
com grave risco às "mães de
aluguel". Mesmo os animais
que nascem saudáveis são, mais
tarde, afetados por doenças que
seriam mais comuns entre indivíduos idosos (Dolly, por
exemplo, tinha artrite).
Por essas razões técnicas e,
em muitos casos, também por
motivos éticos, a imensa maioria dos cientistas se opõe às
tentativas de clonar seres humanos. Eles propõem a clonagem terapêutica, na qual um
embrião clonado de poucos
dias de vida seria fonte de células para reconstruir órgãos sem
risco de rejeição.
Dolly morreu de uma infecção pulmonar em 14 de fevereiro de 2003, vivendo mais ou
menos a metade da expectativa
de vida de uma ovelha normal.
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