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Embrapa tenta evitar extinção de raça de gado
Restam apenas 500 exemplares do tucura, variedade típica do Pantanal
Raça já foi dominante, mas foi substituída; cientistas acham que
a sua carne poderia ser mais bem explorada
Adriano Vizoni/Folhapress
![](../images/d0410201001.jpg) |
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Bois tucura em fazenda da Embrapa no Pantanal
GIULIANA MIRANDA
ENVIADA A CORUMBÁ (MS)
Pesquisadores do Pantanal estão tentando salvar da
extinção o tucura, uma das
raças de gado mais antigas
da região e mais adaptadas a
ela. Atualmente, restam apenas cerca de 500 exemplares
entre as quase 3 milhões de
cabeças de gado da área.
Também conhecido como
bovino pantaneiro, o tucura
já foi dominante entre os rebanhos locais, mas foi deixado de lado quando começou
a importação maciça de raças muito maiores, como o
nelore e outros zebus, a partir
da década de 1950.
"Muitos produtores pantaneiros começaram a achar
que o tucura simbolizava a
pecuária atrasada", afirma
Sandra Santos, pesquisadora
da Embrapa Pantanal.
"Afinal, as raças importadas passaram por um intenso
processo de melhoramento
genético, enquanto o boi do
pantanal se adaptou principalmente devido à seleção
natural", diz.
O tucura chegou à região
há mais de 300 anos, junto
com os colonizadores ibéricos. Durante esse tempo, a
raça foi se adaptando ao
complexo ambiente pantaneiro -que tem longos períodos de seca e de cheia.
Um dos principais diferenciais do tucura é justamente
este: quando outras raças já
não conseguem mais pastar
na vegetação inundada, ele
ainda consegue resistir na região por certo tempo.
Isso acontece porque suas
patas e seus cascos são mais
resistentes à água. Uma ajuda e tanto no Pantanal, onde
fazendas podem ficar submersas por até seis meses.
Apesar dessas características, o tucura parecia se encaminhar inevitavelmente para
a extinção. Afinal, o porte
compacto que lhe garante
maior sobrevivência ante as
intempéries pantaneiras é
também seu maior "defeito"
para os produtores: menos
carne para vender.
VOLTA POR CIMA
Para evitar o desaparecimento da raça, que é um dos
símbolos do Pantanal, a Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária) iniciou um processo de conservação e de investigação de
novos usos comerciais.
Os dados finais só ficam
prontos no ano que vem, mas
análises preliminares mostram que a carne da raça é de
muito boa qualidade.
Por ter mais gordura entremeando suas fibras, a carne
do tucura é bem mais macia
do que a do gado da região.
Isso, segundo a Embrapa,
pode possibilitar cruzamentos que inserissem essa característica em outras raças.
Além disso, há margem
para cortes especiais e, talvez, certificados para produção sustentável no Pantanal.
Seria o "bife pantaneiro".
A coordenadora do projeto, Raquel Soares Juliano, diz
que a resistência dos produtores já está diminuindo. Ela
lembra que boa parte do sucesso do trabalho depende
também deles.
"Se o produtor identificar
um potencial de viabilidade
econômica em um dos usos
do tucura, ele será um parceiro na conservação e expansão da raça", afirma.
Por isso, é importante buscar novas características.
Testes feitos na fazenda modelo da entidade, na sub-região de Nhecolândia, em Corumbá (MS), mostram que o tucura também tem um bom
potencial leiteiro.
Além disso, a maturidade
sexual precoce -ao menos
seis meses antes do nelore-
também seria um atrativo.
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