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Japonês clona roedor congelado
Experimento torna mais real a perspectiva de "ressuscitar" espécies da Era Glacial, como o mamute
Animal refrigerado por 16
anos a -20C gerou cópias;
"barriga de aluguel" é agora
o desafio para estender a
técnica a bichos extintos
Sergei Cherkashin - 02.jul.07/Reuters
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Mamute congelado achado na Rússia; clonagem do animal não é impossível, diz estudo japônes
DA REPORTAGEM LOCAL
A possibilidade de ressuscitar animais extintos há milhares de anos -dentre os quais os
mamutes- pode ir além do delírio ficcional, mostra um experimento de biólogos japoneses.
Extraindo DNA de um camundongo congelado por 16 anos,
os cientistas produziram clones saudáveis do animal.
A realização está descrita em
estudo publicado hoje na revista "PNAS", assinado pelo grupo
de pesquisa de Teruhiko Wakayama, do Centro de Biologia do
Desenvolvimento, em Kobe. O
cientista ficou famoso em 1999,
ao produzir o primeiro clone de
um mamífero macho.
Os cientistas relatam como
produziram filhotes de roedor
transferindo núcleos de células
do animal morto para óvulos
novos, criando uma linhagem
de células-tronco embrionárias. Só após reproduzir as células de maneira estável, os núcleos destas foram transferidos
para outros óvulos, que finalmente geraram os clones, paridos por uma mãe de aluguel. Os
camundongos nasceram idênticos ao animal congelado.
"Sugeria-se que a "ressurreição" de espécies extintas congeladas (como o mamute-lanoso)
seria impraticável, uma vez que
não haveria células vivas disponíveis e o material genômico
remanescente estaria inevitavelmente degradado", escrevem os cientistas no estudo.
"Aqui, relatamos a produção de
camundongos clonados a partir
de corpos mantidos congelados
a até 20C negativos."
Além disso, afirma o artigo, o
animal congelado usado no experimento não tinha sido submetido a nenhum tipo de "crioproteção" -uso de substâncias
que previnem a deterioração de
tecidos, como no congelamento de espermatozóides em clínicas de fertilidade.
Segundo Wakayama, o sucesso do experimento se deve, em
parte, à escolha do órgão de onde foi tirado o DNA clonado.
"Inesperadamente, o melhor
órgão para fonte de núcleos
doadores [de DNA] foi o cérebro", escreveu. Segundo o pesquisador, provavelmente a alta
concentração cerebral de glicose, um açúcar, pode ter ajudado
a preservar mais células. "É sabido que [açúcares] podem ser
usados como crioprotetores, e a
função cerebral é altamente dependente da glicose."
Algo que também ajudou, segundo os autores, foi o estabelecimento de linhagens de células-tronco embrionárias antes
da clonagem propriamente dita. O filhotes clonados surgiram de óvulos que receberam
cromossomos indiretamente
-das células cultivadas, não do
camundongo refrigerado.
Barriga de aluguel
Para Wakayama, criar células-tronco deve ser o primeiro
passo para produzir clones de
cadáveres de mamutes preservados no gelo. Pelo menos dois
já foram achados congelados na
Sibéria nos últimos anos.
Um entrave ainda sem solução para recriar bichos extintos, porém, é achar um modo de
fazer o embrião se desenvolver.
"A falta de espécies para os
óvulos receptores [de DNA] e
para mães de aluguel é um dos
maiores problemas", dizem os
cientistas. "Contudo, técnicas
de transferência nuclear entre
espécies poderiam solucionar
esse problema e fornecer uma
possibilidade de reconstituir
genomas ou animais a partir de
amostras congeladas."
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