São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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Novo remédio ataca hepatite C em macaco

Após sucesso em chimpanzés, testes já chegam a pessoas; droga pode integrar coquetel contra doença

REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo medicamento contra hepatite C foi testado com sucesso em chimpanzés, o que aumenta as chances de que o remédio funcione também em pessoas. O resultado é importante porque os tratamentos atuais só funcionam em metade dos infectados pelo vírus da hepatite C, que atinge até 300 milhões de pessoas no mundo.
O estudo, que deve sair numa edição futura da revista especializada americana "Science", é uma parceria entre a Fundação do Sudoeste para Pesquisa Médica (EUA) e a empresa dinamarquesa Santaris Pharma.
Os pesquisadores, liderados por Henrik Orum, da Santaris, conseguiram neutralizar uma pequena molécula de RNA (o "primo" do DNA, responsável por uma série de funções importantes nas células). Sem ela, o vírus da hepatite C perde um sistema essencial que usa para multiplicar o próprio RNA, seu material genético, dentro das células hepáticas (do fígado, daí o nome da doença).
Por enquanto, a abordagem foi testada apenas em quatro chimpanzés. "Tínhamos poucos animais disponíveis", disse Orum ao podcast da "Science". Em três deles, a carga de vírus no organismo foi reduzida a centésimos. O quarto chimpanzé apresentou flutuações na presença do patógeno.
Dois outros resultados do estudo indicam que a molécula é uma ferramenta promissora contra a hepatite C. Ao que parece, o vírus tem dificuldade de adquirir resistência ao medicamento. E ele funciona em circunstâncias nas quais as formas de tratamento disponíveis hoje são ineficazes.
Por isso mesmo, uma das possibilidades é combinar a nova terapia com as atuais numa espécie de coquetel, tal como é feito com sucesso contra o HIV.
Segundo Orum, o grupo já está avaliando a segurança da substância em pessoas saudáveis, e a expectativa é poder testá-lo em pacientes ainda no ano que vem se os resultados desse ensaio inicial forem positivos.


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