|
Próximo Texto | Índice
Jiboia pré-histórica de 13 metros pesava 1 tonelada
Réptil amazônico de 60 milhões de anos é maior que cobra do filme "Anaconda"
Medida do animal ajuda a estimar clima do passado; serpente de extensão igual não pode existir hoje porque floresta está mais fria agora
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Hollywood bem que tentou,
mas a natureza superou a ficção. A maior cobra de todos os
tempos não é a do filme "Anaconda"; é um fóssil achado em
Cerrejón, na Amazônia colombiana. Com 13 metros de comprimento, tão longa como um
ônibus, a supercobra batizada
Titanoboa cerrejonensis viveu
58 milhões de anos atrás e seu
tamanho assustador indica que
a Amazônia era então bem
mais quente do que é hoje.
Os cientistas afirmam que
ela teria mais de uma tonelada
de peso -estimados exatos
1.135 kg. Como era um animal
de "sangue frio" (sem regulagem térmica) precisaria de
uma temperatura média de
30C a 34C para viver bem.
O filme "Anaconda", de 1997,
com os atores Jennifer Lopez e
Ice Cube, tem como principal
estrela uma sucuri gigante.
"Ela não seria viável hoje
porque os climas equatoriais
modernos são muito frios para
permitir a evolução de anacondas gigantes. A Titanoboa indica que os climas equatoriais 60
milhões de anos atrás eram
bem mais quentes", disse à Folha Jason Head, da Universidade de Toronto, um dos autores
descoberta. "Sem contar que a
cobra do filme é menor que a
Titanoboa. A nossa cobra teria
comido Jennifer Lopez e Ice
Cube juntos!", disse Head.
A descrição da supercobra
está na edição de hoje da revista
"Nature". O animal tinha diâmetro de um metro no seu ponto mais largo, diz o artigo.
O gigantismo da Titanoboa
pode ter sido uma adaptação
para caçar grandes animais como crocodilianos primitivos,
ou para escapar de predadores.
"A Titanoboa seria uma parente mais letárgica das cobras
menores que vivem em regiões
equatoriais hoje", afirma Head.
Apesar de estar mais próxima
anatomicamente das jiboias, os
cientistas inferiram que seu
comportamento seria mais
próximo ao das sucuris, predadora de vertebrados aquáticos.
Head também acaba de inventar a "termometria antiga
por serpente", diz Matthew
Huber, da Universidade Purdue (EUA). Segundo ele, comparar cobras pré-históricas
com as atuais é um método alternativo de medir o passado
climático, cheio de altos e baixos. A temperatura de 60 milhões de anos atrás vinha sendo
estimada com base em fósseis
de plâncton (organismos marinhos), mas o método pode ter
falhas, pois indica marcas mais
frias que o estudo de Head.
Próximo Texto: Política: MCT cria 22 novos centros de pesquisa Índice
|