São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Jiboia pré-histórica de 13 metros pesava 1 tonelada

Réptil amazônico de 60 milhões de anos é maior que cobra do filme "Anaconda"

Medida do animal ajuda a estimar clima do passado; serpente de extensão igual não pode existir hoje porque floresta está mais fria agora

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Hollywood bem que tentou, mas a natureza superou a ficção. A maior cobra de todos os tempos não é a do filme "Anaconda"; é um fóssil achado em Cerrejón, na Amazônia colombiana. Com 13 metros de comprimento, tão longa como um ônibus, a supercobra batizada Titanoboa cerrejonensis viveu 58 milhões de anos atrás e seu tamanho assustador indica que a Amazônia era então bem mais quente do que é hoje.
Os cientistas afirmam que ela teria mais de uma tonelada de peso -estimados exatos 1.135 kg. Como era um animal de "sangue frio" (sem regulagem térmica) precisaria de uma temperatura média de 30C a 34C para viver bem.
O filme "Anaconda", de 1997, com os atores Jennifer Lopez e Ice Cube, tem como principal estrela uma sucuri gigante.
"Ela não seria viável hoje porque os climas equatoriais modernos são muito frios para permitir a evolução de anacondas gigantes. A Titanoboa indica que os climas equatoriais 60 milhões de anos atrás eram bem mais quentes", disse à Folha Jason Head, da Universidade de Toronto, um dos autores descoberta. "Sem contar que a cobra do filme é menor que a Titanoboa. A nossa cobra teria comido Jennifer Lopez e Ice Cube juntos!", disse Head.
A descrição da supercobra está na edição de hoje da revista "Nature". O animal tinha diâmetro de um metro no seu ponto mais largo, diz o artigo.
O gigantismo da Titanoboa pode ter sido uma adaptação para caçar grandes animais como crocodilianos primitivos, ou para escapar de predadores. "A Titanoboa seria uma parente mais letárgica das cobras menores que vivem em regiões equatoriais hoje", afirma Head. Apesar de estar mais próxima anatomicamente das jiboias, os cientistas inferiram que seu comportamento seria mais próximo ao das sucuris, predadora de vertebrados aquáticos.
Head também acaba de inventar a "termometria antiga por serpente", diz Matthew Huber, da Universidade Purdue (EUA). Segundo ele, comparar cobras pré-históricas com as atuais é um método alternativo de medir o passado climático, cheio de altos e baixos. A temperatura de 60 milhões de anos atrás vinha sendo estimada com base em fósseis de plâncton (organismos marinhos), mas o método pode ter falhas, pois indica marcas mais frias que o estudo de Head.


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