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"Acredito em Deus, sim, mas sou um religioso heterodoxo", diz relator
Lula Marques - 04.dez.2007/Folha Imagem
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O ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo, à esquerda |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Único ministro do STF
que não se diz católico, o relator do julgamento da ação
contra a pesquisa com células-tronco embrionárias,
Carlos Ayres Britto, disse à
Folha que tem um conceito
particular de religiosidade:
"Acredito em Deus, sim, mas
sou um religioso heterodoxo. Para mim, a oração suprema é o estado amoroso".
Sua formação, porém, foi
católica. "Com o tempo, fui
me abrindo para outras religiões, para conhecê-las, não
para professá-las [...] Sou um
espiritualista, um holista."
Britto é leitor do guru Bhagwan Rajneesh (Osho).
Hoje o plenário do STF vai
julgar a Adin (ação direta de
inconstitucionalidade) movida pelo ex-procurador-geral da República Claudio
Fonteles contra a Lei de
Biossegurança, que hoje permite a pesquisa com células
embrionárias. Britto ainda
não revelou seu voto, mas
cientistas dizem esperar seu
apoio. Ele apenas diz que a
questão religiosa não vai interferir. "Farei uma análise
rigorosamente jurídica."
Como relator, ele será o
primeiro dos 11 ministros a
votar. Britto diz que durante
o recesso do tribunal, de 20
de dezembro a 1º de fevereiro último, dedicou-se quase
que exclusivamente ao tema,
lendo vários livros. Depois
redigiu o voto, cuja leitura
deverá durar duas horas.
O primeiro livro que procurou foi "O Direito Natural
na Época de Sócrates", de
Eduardo Garcia Maynez. Por
sugestão de um amigo, leu
"O Domínio da Vida", de Ronald Dworkin. Outras obras
foram "Reprodução Assistida", de Roberto Wider, e "O
Direito de Não Sofrer Discriminação Genética", de Francisco Vieira Lima Neto. "Não
li uma corrente mais do que
a outra, procurei fugir do
condicionamento ideológico
e fiz uma leitura equilibrada", afirmou.
(SF)
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