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Avião solar tentará dar volta ao mundo
Protótipo idealizado por suíço começa a voar no ano que vem, e tentativa de circunavegação deve ocorrer em 2011
Aeronave produzida pelo
explorador que contornou a
Terra em balão terá asas do
tamanho das de um Airbus,
mas abrigará só uma pessoa
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro homem a ter conseguido dar a volta ao mundo
em um balão sem escalas quer
agora fazer a circunavegação a
bordo de um avião sem gastar
uma gota de combustível.
O suíço Bertrand Piccard, 49,
de uma moderna dinastia de
exploradores do ar e do mar, está agora
construindo o primeiro protótipo de um avião movido a
energia solar.
Se tudo der certo, no ano que
vem, a primeira aeronave "Solar Impulse" -Impulso Solar
em inglês- deverá levantar vôo
e pousar sem usar combustíveis fósseis, esses restos de antigos seres vivos na forma de
petróleo ou carvão dos quais
depende toda a civilização hoje.
Não vai ser fácil, apesar dos
70 milhões envolvidos no projeto -dos quais Piccard e colaboradores já dispõem de cerca
de 44 milhões, por meio de patrocinadores como as empresas suíças Solvay (de materiais
especiais), Omega e o banco
alemão Deutsche Bank. O projeto também tem apoio da empresa francesa fabricante de
aviões Dassault e da ESA
(Agência Espacial Européia).
Mesmo com a melhor tecnologia disponível agora e no futuro próximo, porém, o Solar
Impulse só vai poder carregar
um tripulante, e voar à velocidade de um automóvel. É quase
um retorno aos primórdios da
aviação, no início do século 20.
A potência disponível não seria estranha aos autores do primeiro vôo de todos, feito pelos
irmãos americanos Orville e
Wilbur Wright em 1903. Um
dia de operação dos motores
elétricos do Solar Impulse têm
potência comparável ao pioneiro aviãozinho dos Wright.
Isso significa que o avião solar vai voar com a velocidade de
um carro bem comportado em
estrada: em média, 70 km/h.
Os olhos de Piccard brilham
quando fala no projeto Solar
Impulse. Durante uma entrevista alguns dias atrás, em Paris, após uma apresentação no
salão aeronáutico de Le Bourget, ele não conseguia conter o
sorriso e o entusiasmo.
Questão de educação
Mas como Piccard foi se meter nesse tipo de coisa? Seria
"genético", como disse à revista
"Popular Mechanics" em
2005? Estaria "no sangue"?
"Está na minha educação.
Desde pequeno encontrei astronautas, exploradores. Eram
amigos do meu pai", disse o
aventureiro em entrevista à
Folha. "Fiz a escolha assim que
tive a primeira oportunidade",
afirma o psiquiatra com currículo de explorador.
Bertrand Piccard diz que teve a idéia do projeto ainda
quando voava em balão em
1999 em volta do planeta. Em
parte, ele respondia a uma provocação da imprensa: haveria
ainda algum desafio para um
explorador moderno?
"Um vôo sem combustível",
diz Piccard, era algo com o que
ele já sonhava durante o longo
vôo do balão -que, apesar de
não ter motor, precisa de gás
quente para voar.
Já em 2001 Piccard e o colega
balonista Brian Jones começaram a investigar a área da "aviação solar", visitando os pioneiros da área nos EUA. Mas o projeto que veio a seguir, oficialmente lançado em 28 de novembro de 2003, pretende ser
uma vitrine de tecnologias limpas e de ponta da Europa, na vital área aeroespacial e da eletrônica.
O estudo inicial foi feito pela
Escola Politécnica Federal de
Lausanne, na Suíça, que delegou a tarefa ao engenheiro e piloto André Borschberg. Ele
passou a ser um dos pilotos do
Solar Impulse. A primeira volta
ao mundo, prevista para 2011,
vai demandar mais de um piloto, e pousos para efetuar o rodízio. Só depois que a tecnologia
permitir uma cabine de vôo para piloto e co-piloto que se poderá pensar em um vôo sem escalas de volta ao mundo.
No ano que vem, Piccard espera já conseguir fazer os primeiros vôos de teste, e em 2010
espera já estar conseguindo
atravessar o Atlântico.
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