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Fóssil raro estica vida evolutiva das medusas
Grupo teria surgido há 505 milhões de anos e diversificado rápido, diz estudo
Para pesquisador da USP, que participou do trabalho, achados "fantásticos" ainda ajudam a provar quando os olhos "complexos" surgiram
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Não bastasse o achado ser raríssimo - as águas-vivas por terem apenas partes moles no
corpo dificilmente acabam virando fósseis- ele ainda reescreveu a história evolutiva desse grupo de seres vivos, bastante importante até hoje.
Os fósseis de medusas encontrados em Utah, no interior
dos Estados Unidos, empurrou
o surgimento desses invertebrados em 205 milhões de
anos. Agora, os cientistas já sabem que eles surgiram 505 milhões de anos atrás e não há 300
milhões, como indicavam os registros fósseis até então.
"Não é fácil encontrar fósseis
de animais tão gelatinosos e
moles como as medusas. Mas,
em condições especiais, isso
pode ocorrer", disse à Folha o
pesquisador brasileiro Antônio
Marques. O zoólogo do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo) é um
dos autores do estudo que acaba de ser publicado na revista
norte-americana "PLoS ONE".
Ao todo, cinco tipos de organismos foram identificados.
De acordo com Marques, as
impressões das medusas só ficaram perpetuadas porque deve ter ocorrido uma rápida deposição de grãos de areia bem finos no meio marinho.
"E deveria haver também outros fatores associados, com
condições anóxicas (sem oxigênio), que limitam, por exemplo,
a decomposição microbiológica dos organismos que foram
fossilizados", explica.
Os achados, considerados
"fantásticos" pelo pesquisador
brasileiro mostram como o
grupo das medusas, os cnidários, tiveram uma evolução
bastante rápida.
"Existia uma diversidade
[números diferentes de representantes] incrível naquela
época. E, praticamente, todas
as linhagens identificadas há
milhões de anos continuam vivas ainda hoje, inclusive no
Brasil", informa Marques. Alguns, como os que vivem em
águas australianas, são considerados um dos seres marinhos mais venenosos que se
tem notícia, causando também
várias mortes por ano.
Salto evolutivo
Os olhos como estruturas
complexas, já se sabia, surgiu
no grupo das cubomedusas. O
problema é que não se tinha
pistas de quando essas águas-vivas tinham aparecido.
"Um dos animais que aparece no nosso estudo é parente de
uma cubomedusa atual, que
ocorre inclusive no Brasil", disse o pesquisador da USP.
Como os dois grupos são próximos, a inferência, segundo os
zoólogos, pode ser feita. "Presume-se que as cubomedusas
apareceram há muito tempo
[há 505 milhões de anos, pelos
novos dados] e que, portanto,
os olhos [complexos] também."
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